SAUDADE, IMENSO BAGAÇO.

A saudade afaga e esmaga feito rolo compressor

vira o nosso senhor, nosso feitor,

faz da gente gato e sapato até sempre, até nunca mais.

As suas leis são mundanas, insanas, ocas, loucas, roucas,

que quiser domá-las terá que roubar as rédeas e chicotes de Deus.

Começa mansinha, suave, sem mostrar suas garras

depois vai cortando uma a uma todas nossas amarras

até nos deixar nossas almas nuas e secas como nunca foram,

como nunca serão.

As suas leis são mundanas, insanas, ocas, loucas, roucas,

que quiser domá-las terá que roubar as rédeas e chicotes de Deus.

A saudade é rameira, traiçoeira,

tem tantas caras que nem imaginamos,

faz os nossos sonhos sairem banidos, fugidos

faz a gente esquecer até mesmo onde estamos

faz a gente correr de nós mesmos feito ciganos.

As suas leis são mundanas, insanas, ocas, loucas, roucas,

que quiser domá-las terá que roubar as rédeas e chicotes de Deus.

Saudade não tem regra, não tem fio da meada, não tem nada,

ela berra nos ouvidos do mundo até enrouquecer, até enlouquecer,

ela crava suas garras na nossa alma até deixá-la em frangalhos,

ela destrava nossa dor sem errar nenhum passo,

ela faz nossa vida virar um imenso bagaço,

imenso bagaço.

Saudade vai embora, pega tuas trouxas, some daqui, fim!

esquece que um dia te dei abrigo, vai, rua!

deixa de deixar minha vida fria e crua

deixa de retalhar sorrindo tudo o que sobrou de mim.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 14/07/2011
Reeditado em 14/07/2011
Código do texto: T3094072
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