PAI E FILHO (Cotidiano)

É de manhã,

você ainda está dormindo,

eu lhe beijo e vou saindo

pois preciso trabalhar.

Vou enfrentar

essa louca roda viva,

tanta gente, voz ativa,

a me exigir e a me mandar.

Fim da tarde

quando encerra o expediente,

entre ruas, carros, gente,

eu retorno tão cansado.

Trago no peito

os meus sonhos aos pedaços,

retalhos dos meus fracassos

e dos sucessos alcançados,

mas quando chego

você está junto ao portão,

logo toma a minha mão

e me convida pra brincar,

me quedo todo

ante o seu rosto risonho

e no seu mundo de sonhos

eu me apresso em mergulhar...

Então, eu sou seu herói, seu bandido,

ou sou um caubói destemido

num ponei de sonhos a correr

e assim você me devolve a esperança

me apaga as amargas lembranças

e criança eu volto a ser...

Bem mais tarde, vencido pelo cansaço,

você dorme nos meus braços

sem saber do bem que me fez

ao devolver-me a esperança e a alegria,

amanhã é um novo dia

e vou começar tudo outra vez...

(Essa canção foi escrita em novembro de 1977 para o meu filho Marcelo então com dois anos).