INFERNAL

Pare de me maltratar

Eu não sou normal

Eu não quero mais ficar

Nessa jaula de animais

Vista o seu palitó

Vá vender o seu jornal

Lidere as ovelhas

Até o seu curral

Importe nossa língua

Desperdice nossa história

Venda nosso povo

Para as multinacionais

Eu sei que você não se incomoda

Seu punho de ferro tá na moda

Sua causa é capital

Sua casa é capital

Sua sina é capital...

Pare de me enganar

Com a televisão

Pare de me chatear

Com as rádios comerciais

Eu não quero me envolver

Com assuntos virtuais,

Cadê você? Cadê você? Cadê você? Cadê você?

Minha liberdade é enlatada

Você se diverte com o poder.

Olhe aqui pra baixo veja nossas casas

Muito diferente das que tens

As eleições se aproximam

Você finge que é meu amigo,

Beija minhas crianças

Traz bonecas e carrinhos,

Promete-me um emprego

E um cartão pra minha mulher fazer as compras.

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Extraído do 19º disco de composições de Tiago Henrique: Soluções banais (2009)