Num mesmo adeus.

Escalar a alma como se fosse um pedaço de chão qualquer,

atracar ao peito os ásperos passos do medo,

sorrir.

Ver o que há por trás da fronhas da fé,

ver onde se esconde o sangue do gozo,

ver de onde nasce os gritos de dor,

ver.

Então

com as ancas falidas e flácidas, fugidas, ungidas,

sacar do peito o que os passos tentaram dizer em vão,

voltar para casa como se não houvesse mais casa,

não houvesse mais nada,

chorar.

Depois

que todos forem catar meus ossos,

depois que todos forem enxaguar meu suor,

depois que todos forem trazer de volta o que fiz perder.

O que poderia ser dito, babaus,

o que foi perdido, parido, o que for, já era,

tudo ficará atolado na mesma razão,

tudo ficará entoado no mesmo chão,

tudo ficará embalado num mesmo adeus.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 06/10/2011
Reeditado em 07/10/2011
Código do texto: T3261464
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