Colméia dos homens

Gregários por conveniência,

Indivíduos de tamanho ego,

somos os homens

a compor uma odisséia

que não curto, não me entrego.

Acho mesquinha essa grandeza!

A opulência desmedida

de uma elite corrompida.

A escol* que rege a raça,

cujo âmago não passa

de uma fétida ferida,

uma “rainha” pervertida

que não gera, mata a vida.

Que solidão, às vezes, sente

quem atropela tanta gente,

homens tristes seus iguais!

Operárias do progresso

que perderam seus ingressos

Pro espetáculo da paz.

Gregários por conveniência,

lutam juntos, cada um por si,

nesta colméia

onde a que dado vizinho

é a meta a atingir

Colher o néctar utópico.

Um necrológio como prêmio

aos heróis do grande grêmio.

Sociedade que constrói

o homem grande e destrói

mais ainda o pequeno.

Seu remédio, seu veneno

Faz feliz e às vezes dói.

(*) Escol. (de escolha.) S. m.1. V. elite(1) 2. Conjunto ou pessoas mais cultas (Pl.: escóis.) – De escol. De alta qualidade. (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira)

Obs.: Composta no fogo das paixões juvenis, de quem teve seus heróis de infância massacrados por um sistema político (nasci no meio exato da década de 1960).

Quando participei de um festival, em 1987, com esta música, foram confeccionadas camisetas com a letra nas costas, alguém cismou de “corrigir” o texto. Imprimiu-se “escola” no lugar de “escol”. Com a melhor das intenções, aquele revisor anônimo arrebentou com o sentido e a métrica da frase. Eis a razão da nota acima.

Carlinhos Colé
Enviado por Carlinhos Colé em 20/10/2011
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