Descalça na chuva
Mirando estrelas sintonizantes no imenso céu,
É a sua imagem que aparece diante de meus olhos,
Fita - me por breves segundos sob aquele luar,
E meu coração escala montanhas por nós dois.
Ascendo uma vela e a chama parece se apagar,
Breves vírgulas surgem mas o objeto volta a reluzir,
Num passe de mágica mantenho - me atenta ao futuro,
Pois um passo a frente e tudo ficará para trás.
Derrubamos obstáculos por longas décadas,
Tentando acabar com o preto e branco que não viravam cor.
Mas as palavras aparecem do nada e simplesmente somem,
Atitudes tomam conta daquilo que os lábios silenciam,
Ninguém entende da vida e a estrada está escura demais,
Para andarmos em lados opostos da pista.
Eu poderia segurar os minutos do relógio e revive - los,
Aconchegaria minha mente em torno daquele tempo,
O orvalho despencaria sobre meus pés e certeza eu teria,
Você estaria aqui, estaria apenas para mim.
Desejos e virtudes conquistamos com o tempo,
E se desejares ser meu, permaneça apenas ao meu lado.
Mas se tudo conspirar para separar nós dois,
Andarei descalça na chuva que inesperadamente criarei.
Darei - te o tempo que quiseres para tomar decisões,
Porque o corpo precisa de um tempo jogado no gramado,
Estarei aqui longe de presença perto de memória,
Só me prometa que um dia irá retornar.
Talvez seja meramente impossível ter o coração completo,
Ele foi partido, perdeu o chão e aos poucos se alimenta,
Não há remédios que cure, nem faixas que escondem ferimentos,
Quem além de você pode consertar a solidão?
Tirar os sapatos, colares, jóias e tudo o que tem de valor,
Jogar - se da mais alta montanha e fechar os olhos.
Mergulhar no mais fundo mar e deixar o corpo boiar,
Todos precisam descansar, então descanses comigo.
Quando as nuvens se fecharem e o céu apenas ressurgir,
Os segundos já não serão mais contados.
Horas ao seu lado irei permanecer,
E a pista agora terá dois passageiros.