19 de abril um dia sem índio
Se foi a vida...
Se foram os cedros, o pau-brasil, o jacarandá, a peroba, e o jequitibá-rosa,
Se foram as terras, dos Waimiri-Atroari, dos Waiãpi, dos Kadiweu, dos Xavantes e dos Kayapó,
Se foram os povos, os Mondé, os Paca-nova (Pakaanóva), os Jabutis Jeoromitxi, os Piripkura, e os Tupinambá,
Se foram as línguas, kaixána, mawayana, ofayé, guató, apinaiés, pucobiês,
Se foram os arcos, os cocares, os braceletes, os cintos, os brincos, se foram os trançados dos cestos de palha,
Se foram as penas, se foram as cores, o vermelho do bixácea (urucu), o preto da mistura de jenipapo mascado, com carvão e água,
Se foram os peixes, Acará-açu, Apapá, Pirarucu, Cachara, Barbado,
Se foram as ocas, as malocas, as choças, as palhoças, as casas, e as barracas,
Se foram as danças, os sons do toró (flauta de taquara), do boré (flauta de osso), do mimbi (buzina) e do uaí (tambor de pele e de madeira),
Se foram os rituais, os da mudança das estações, os de iniciação, os matrimoniais, os funerais, os de gestação, e os de nascimento
Se foram as culturas, dos Juruá-Purus, dos Guaporé, dos Tapajós-Madeira, do Alto-Xingu, do Tocantins-Xingu, dos Pindaré-Gurupi, e dos Paraná,
Se foi o orgulho de ser homem
Se foi a vida de índio.
O que nos restou...
Se não apenas,
lembranças do Índio,
Que o homem branco,
Explorou, desterrou, maltratou e dizimou,
Até arrancar dele, a sua essência
A sua alma de Índio...