Da minha própria solidão
Hoje que comecei a tomar remédios
Para controlar as bocas dos outros
Foi o mesmo dia que reuni os meus tédios
E fiquei vendo televisão como todos
Hoje que alcancei a minha própria mão
Sentindo os sintomas da minha pele
Vítima da ensolarada diversão
E que aos olhos do mundo o meu íntimo repelem
Se revelem as minhas mãos
E a minha verdadeira vocação
De hospedeiro do teu coração
Hoje que acordei tarde demais
As onze horas não são mais limites pra mim
Tentando aliviar na letargia e a paz
Não veio no tão esperado fim
Quando suei por tanto te escrever
Vi que valia a pena por dentro
As palavras que não rimam comigo
Eu vi no vento o meu pior inimigo
Como se assustava a minha pele assim
Arrepiada pela brisa sorridente
Que na tarde me vem castigar
Quem de vez em sempre merece chorar
Se revelem as minhas mãos
E a minha verdadeira vocação
De hospedeiro do teu coração
Gritam os sinos do campanário da solidão
A brigarem com o meu rouco coração
Que merece toda tristeza que tem
Por não querer pedir ajuda a ninguém
Sofro por ter criado os meus monstros
E horrores que canto nos versos
No meu coração arde uma tristeza
Que não existe em todo universo
Se revelem as minhas mãos
E a minha verdadeira vocação
De hospedeiro da minha própria solidão