O GURUFIM DO SAMBA "Samba!"

Ontem eu tive um sonho, uma heresia.

Era o final do enredo. Fim da alegria.

A batucada acabou.

O surdo já não batia.

Não se ouvia o cavaco, o samba jazia.

Vi a cuíca calada, como o banjo e o violão.

Vi em silêncio o pandeiro, o tantam, o surdão.

O que será do sambista?

E agora o carnaval?

A "Majestade o Samba" chegara ao final.

Samba, fiel companheiro na dor da saudade.

Samba da voz eloquente. Da realidade.

Samba padrinho do amor.

De Josés e de Marias.

Samba que agora se encerra na tal: "lousa fria".

A malandragem presente, ao samba pedia perdão.

Tantos tomavam-lhe as bençãos.

Tantos beijavam-lhe as mãos.

Como o partido alto. Que a boemia lembrou.

Como também o chorinho.

Parceiro mais velho que o samba deixou.

Já se passavam das tantas,

o morro não tinha mais lugar.

Via que toda a cidade rumava pra lá.

Samba querido e famoso.

Tão ilustre e conhecido.

Samba. O filho que o morro havia perdido.

Eu não ouvi mais a roda nem o miudinho.

Breves batidas do surdo, respeito e carinho.

O partideiro chorando.

Toda a escola infeliz.

Esse seria o finado samba de raiz.