FAÍSCAS DE LAMPIÃO

Tava traçado o destino,

Nos olhos de Virgulino, faíscas de Lampião.

A gente se trata na ponta da faca,

Fazendo rabiscos de fogo no chão.

Tremendo a terra com raio, trovão;

Coriscos de luz no fim da alvorada.

Aimoré da noite e da madrugada;

Ele vem de faca, eu vou de facão.

Maria Bonita ilumina o clarão.

É dia de festa aqui no terreiro.

Te peço teu nome, me mostre ligeiro:

- Capitão Virgulino, vulgo Lampião

A volante é valente, arretada na luta;

Marcando colado no calço do chão.

É peste nas terras aqui do sertão,

Mas nossa batalha é a vencer a labuta,

Esconder nossa prata em alguma gruta,

Tramar feito aço mais uma invasão.

É peixe que briga, ferro do zangão;

É brilho de faca, reluzente lança.

Pelos quatro ventos às feras avança.

Capitão Virgulino, vulgo Lampião

Destino traçado de cabra da peste,

Varando as caatingas de punhal na mão.

Na encruzilhada é assombração,

É a morte seca que vela nas sombras.

Da chuva a enchente; da pinga a lombra;

Sendo ventania que trás turbilhão.

Nesse rebuliço no alto um vulcão.

A onça pintada roncando na noite.

Do beijo da morte, frio do açoite.

Capitão Virgulino, vulgo Lampião

Alvorada é a aurora na pista da luta,

No risco da vida, corte de punhal,

Faz do apocalipse apenas jogral;

Amado e temido, santo e demônio...

E com violência contrai matrimônio,

Mas lamento a sorte dessa união.

Nas mãos da volante arrastou-se no chão

Destino certeiro de sorte malvada

E como troféu a cabeça cortada

Capitão Virgulino, vulgo Lampião

Mestre Malakazhan e Claudo Ferreira
Enviado por Mestre Malakazhan em 06/08/2012
Reeditado em 06/08/2012
Código do texto: T3816112
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