Festa da Carne - Festival Shell 1980
Olha o rancho entrudo a escola de samba
Olha o velho sisudo que se anima e descamba
Esquecendo da asma e do seu reumatismo
Pra sair de fantasma no bloco do abismo
Olha o bloco de sujos onde há a meretriz
Faz promessa o marujo de fazê-lo feliz
Olha a banda olha a virgem num pedaço de escuro
Já sentindo vertigem na beirada do muro
E vamos nós outra vez
De viva voz contra as leis
Que esmagam sonhos quase reais
E a multidão cada vez mais querendo muitos carnavais
Olha o salto, o assalto, o suor e a cerveja
Olha fuco beato escondido na igreja
Essa gente enganada esse samba de enredo
É a dor mascarada de um falso brinquedo
Diz o rei da alegria: "Ser feliz é uma lei"
Pena que hoje em dia ninguém mais crê no rei
E lá vai Mocidade e lá vem a Portela
É o caos na cidade é o frevo a favela
E vamos nós outra vez
De viva voz contra as leis
Que esmagam sonhos quase reais
E a multidão cada vez mais querendo muitos carnavais
É a banda bandalha
que se vai debandando
mestre-sala e mortalha
já se desanimando
olha aí quarta-feira
olha a cinza na testa
e o que importa a bandeira
já não dança protesta
olha a boca amargando
olha o Chave de Ouro
vem alguém carregando
um pandeiro sem couro
já não há quem encarne
o pecado mortal
foi a festa da carne
foi o carnaval.
Agradecimentos ao leitor, Paulo Guimarães que ajudou a completar a letra da música , que foi copilada de um áudio pelo amigo professor de História, Paulo Carioca. Não conseguíamos achar a letra na internet e resolvemos copiar do áudio e não notamos a falta dos versos finais. P.G mais uma vez obrigado.