MORTE AO ANOITECER

É o mundo que vivemos, tudo é droga,

No lugar onde eu moro, não precisa nem de prova.

Quando chega a noite, morre um, dois, três,

Cuidado meu amigo pra não ser a sua vez.

Pode ser seu camarada ou nem precisa ser,

Você dorme na incerteza de ver o amanhecer.

Mano contra mano, que p.... e essa?

Quando cai a noite corra, ou ande depressa.

Se você for vacilão, não saia ao anoitecer,

É melhor ficar em casa, curtindo o som, ou a tv.

A escuridão, domina as ruas da favela,

E o medo desafia até quem mora nela.

Onze horas da noite horário dos canibais,

Saem atras das vitimas como se fossem animais.

A noite é cruel, a lei é do mais forte,

A vida não vale nada tudo depende da sorte.

A noite é um silêncio,

E no silêncio existe a morte.

Morte ao anoitecer, pode acreditar,

Morte ao anoitecer, não tem como escapar.

Morte ao anoitecer, pode acreditar,

Morte ao anoitecer, não tem como escapar.

Eu digo a você da mesma forma que Deus me ensinou,

Este lugar proibido, é um filme de terror.

Tiroteio nas ruas, assaltos a mão armada,

Neste mundo violento a vida não vale nada.

Mais um certo dia, um laranjão se revoltou,

Pôs o canhão na cintura e se aventurou.

Entrou num beco sem saída, pobre vacilão,

Deu de cara com um cara, que não quis explicação.

765, 72 e escopeta,

E o outro fulano carregava uma bereta.

Sem poder correr ele foi cercado,

Mais uma vitima da noite ele foi torturado,

Espancado e roubado, meu Deus pobre coitado.

Mais o esperto viu, que não foi inteligente,

Encontrou quatro malacos, armados até o dente.

ele ficou no chão, estirado sozinho,

O cara que lhe assaltou era seu próprio vizinho.

Morte ao anoitecer, pode acreditar,

Morte ao anoitecer, não tem como escapar.

Morte ao anoitecer, pode acreditar,

Morte ao anoitecer, não tem como escapar.

Indignado novamente eu te pergunto então,

Como viver tranquilo, nesse mundo cão.

Os humildes são roubados, mortos sem piedade,

Nunca tiveram paz, uma vida de verdade.

Desde o dia em que nasceu só decepção,

Vou revelar uma coisa de dentro do coração.

Sinto muita falta,

Dos meus amigos, meus irmãos.

Nunca tiveram uma chance na vida pra ser alguém,

Só pensaram neles, e mais ninguém.

Adolescência virou velhice estou falando sério,

Drogas, latrocínios é o fim no cemitério.

Eu nunca vou esquecer aqueles rostos no caixão,

Todos eles em vertes e vidas no coração.

Na cabeça a memória, na vida a verdade,

Na noite a morte, no outro dia a saudade.

Morte ao anoitecer, pode acreditar,

Morte ao anoitecer, não tem como escapar.

Morte ao anoitecer, pode acreditar,

Morte ao anoitecer, não tem como escapar.