Desequilíbrio

Pra manter o equilíbrio

sobre a linha deste fio

onde a custo me equilibro

em constante desafio:

tenho que fechar os olhos

sobre a fenda de um abismo...

A razão me joga ao solo

e a loucura quer lirismo.

Cada passo é uma agonia,

vem o medo do tropeço...

Quem flutua na poesia

vê a vida pelo avesso.

Misturei, de pouco a pouco,

O abstrato e o concreto;

se o que canta em mim é louco

com certeza não sou certo

Quando vejo o mal na rua,

onde o amor anda disperso,

apunhalo-me de lua

pra morrer sangrando verso.

Tenho assim os meus motivos,

que a ambição me ignore...

Eu me mato do que vivo,

mas não vivo do que morre.