Ribanceira, cachoeira, precipício.
Eu, pra você, sou muito mais que um simples benefício
sou o ofício que insiste em te fazer suar
a ribanceira, cachoeira ou mesmo um precipício
que te obriga a descer fundo pra me confrontar
aquele brilho que ofusca o teu olhar insone
o homem por vezes mulher que te faz exitar
deselegância que por muitas vezes te põe louca
e tenho a boca que você não cansa em desejar
sou mais um passo que se dá em direção a um muro
eu sou o escuro, a dificuldade de enxergar
talvez ilógico e retórico sou um absurdo
o ouvido surdo que não te permite me escutar
eu sou o papel que você risca sem usar caneta
a maçaneta de uma porta que não abrirá
sou eu quem trago o seu sorriso em horas de tristeza
e sendo assim, beleza, onde beleza não há
eu sou teu sexo...
e mesmo desconexo sou o que você é
eu sou o fato que faz teu raciocinar perplexo
e ainda contra sua vontade sou o que você quer
então deixa você me tocar
tô com vontade de ser real
e fazer parte na vontade que te dá
que coincidência a coerência foi embora (Refrão)
restou em mim o que há de mais vulgar
deixa sua boca traduzir
o que seus olhos tentam me falar
eu sou o segundo que antecede o disparo da arma
quem sabe um carma que se opõe ao seu modo de agir
e creio até que possa ser o seu anjo da guarda
ou um demônio que está sempre a te persuadir
aquela frase que agita os seus pensamentos
cada momento que te faz pensar "e por que não?"
oscilo entre o seu prazer e o descontentamento
sou o lamento nas fagulhas de satisfação
sou um sapato 36 num pé que é 37
"quele" chiclete amargo que você tem que mascar
as vezes sou João Gilberto e as vezes sou Ivete
fardo pesado que permite a você, levitar
eu sou o soco, o pontapé que precede o carinho
e o caminho por onde você não quer passar
é complicado porque essa sua guerra interna
me põe as pernas na cabeça e eu só sei pensar
que sou teu sexo...
e mesmo desconexo sou o que você é
eu sou o fato que faz seu raciocinar perplexo
e ainda contra sua vontade sou o que você quer
(Refrão)