Eu, Doom
Meu triste erro nesses tempos
não ficar de pé
Desavisado
pra matar o Demônio do Meio Dia
Acabar com a dor
não quer dizer descansar
não quer dizer nada
ficar de pé nessas horas
desgastante derrota como chumbo nos ombros
Cair não significa perder
Levantar não significa vencer
Vez ou outra
até os mortos se levantam
Eu levanto sem luz
caminho sem luz
Depois do que muitos chamam de pesadelo
pra minha mente é leve tribulação
No profundo saber o que eu temo
pode ser um sonho para muitos
Vade reto, sonho assassino
a sombra ja me basta
a dor ja me basta
Toda a esperança pura que brilhava empoeirou
A escuridão é meu sonho
Tudo o que restou de um fechar de olhos desiludido
Eu
O Fim
Meu coração se foi pelos trilhos
O maquinário imaginário
eu estou na lama quando ele passa
E o destino sarcástico
ri da minha morte de forma teatral
O palhaço vai pintar com meu sangue o rosto dela
milhões e agonizantes milhões de vezes
Pois a ferida não fecha
Nem o cântico dos anjos
Nem o despertar da Primavera
nada trouxe de volta o meu sorriso
se foi como bagagem
mera bagagem
"Pertencia a um louco"
disse ela ao passageiro
De lembranças vivas e alma morta
não foi isso que eu escolhi
Eu não sei dizer se o pensar de criança
é mais fechado ou aberto
Mas era vivo
e hoje só restou essa opção a escolher
Dentro de uma prisão
de portas e janelas abertas
Eu
A Prisão
Escuridão
A Chave
O Sonho
Não sonhar com esse pesadelo
Matar com jogos de verbos
não há uma guerra de verbos
No final tudo que eu faço é enfeitá-los
com a minha loucura
eu sirvo de roteiro para piadas negras do destino
nas mãos dos meus inimigos
E nas suas bocas malditas
pra levá-la de mim
nada mais que meia dúzia de cortejos
Vade reto, sonho assassino
a sombra ja me basta
a dor ja me basta
Toda a esperança pura que brilhava empoeirou
A escuridão é meu sonho
Tudo o que restou de um fechar de olhos desiludido
Eu
O Fim