Em parte, a culpa foi sua
Me vinguei em você, mas não era para ser assim.
Destruí o seu lar...
Apenas com um gesto...
Mas é sincero o meu pesar.
Quero fazer jus ao seu penar.
Mas lembre.
O que fiz estava certo ao fazer
Você, com seu ímpeto
Não me deu escolhas.
Não parou de sorrir e ainda disse
que o futuro era seu
Qualquer um em meu lugar iria impedir
Mesmo que lhe fizesse chorar.
Sei que só quis o seu bem
O sangue que lhe tirei foi para avisar
Que do vermelho nasce a consciência
Que sua cabeça tanto precisava.
Não olhe diretamente para mim
Fiz o que fiz para você aprender como agir.
Só percebi depois que atirei
E o seu sangue atingiu o porta retrato com a foto de seus pais
E espalhou poças pelo chão
Nem uma despedida ocorreu
A bala disparou antes de qualquer adeus
Era a última no tambor.
Falta de sorte a sua.
Disse para não olhar em meus olhos
Mas não aguentou e preferiu conhecer o horror
Disse que a última bala era para mim
Mas você me deixou sem escolhas
Seus olhos pediam liberdade mais que os meus
Talvez por isso a curiosidade em olhar
O desespero nem se aproximou
Muito menos depois de espalhar suas partes pela cidade.
Não deixaria nada pela metade e depois de sua última parte se dissipar
Arranjei outra maneira de lhe acompanhar
Não tinha outra bala no tambor.
Então me joguei nas águas onde sua cabeça afundou.