Rebeldia
(Música composta na década de 70, período de chumbo da história brasileira)
A rebeldia já não é conveniente
Principalmente quando há exaltação
Liberto um dia da sangria da corrente
Do senhor que mata a gente
Sem qualquer hesitação
La iá ra iá la iá ra iá
La iá ra iá la iá ra iá
Sempre quis ver a liberdade dos escravos
Que pela história Isabel já proclamou
Queria ver o que Isaura sentiria
Com o decorrer dos dias
Repassando o que passou
Ver seu trabalho rebaixado pelo preço
O seu horário controlado em dois terços
Ser explorada pelo pão de cada dia
Ser levada a indigente
Obrigada a ser dormente
Da ascensão da burguesia
E o passado remoldado no presente
Levando a vida encarcerada, inocente
De cara em cara a tristeza é evidente
De um egoísmo capital
Que oprime toda gente
Sem a certeza da presteza de serviço
Não vem aumento e aumenta o caniço
Levando em conta eu sou contra tudo isso
Mas retiro a minha afronta para não levar sumiço
Em paralelo somos elos da corrente
E aumentamos o sufoco intermitente
Rebenta em mim que não tenho subordinado
E nem quero ser mandado
Por nenhum inconsequente
Meu sentimento pela sua ousadia
Falou mais alto e assinou minha alforria
Pelos bons tempos recebi alguns trocados
Mas já estou dependurado
Pra levar vida vadia
Reconsidero pra poder sobrexistir
E me entrego a quem quiser me admitir
Contra o meu ego entro na burocracia
Arrumo meus documentos
E retorno à “Zelocia”
La iá ra iá la iá ra iá
La iá ra iá la iá ra iá
E a rebeldia já não é conveniente
Principalmente quando há hesitação
Liberto um dia da sangria da corrente
Do senhor que mata a gente
Sem qualquer exaltação
La iá ra iá la iá ra iá
La iá ra iá la iá ra iá
Recobro agora recostado no meu leito
Os tantos feitos que a história já contou
Assim dizendo, aliás, eu sou suspeito
E então, eu me resguardo
Do meu real valor
La iá ra iá la iá ra iá
La iá ra iá la iá ra iá