ÀS VEZES/ EU SEI

Nos dias em que um tempo me resta

vou à praia ver o sol deixar o céu.

Fecho os olhos, sinto a maresia meus ouvidos invadir e levar

e a areia meus pés varrer com a maré que vem e se vai

como pássaros no horizonte.

O momento não voltará.

Uma única última vez é o que há.

Fecho os olhos...e outro segundo se desfaz.

E o mundo continua magnífico.

E só de saber a cor do mar, o desenho das nuvens e sua chuva saborosa,

o silêncio das montanhas e o som da tempestade...

já valeu a pena ter vivido.

Para além de toda a eternidade,

a pedra úmida admiro no tronco despedaçado.

Cascalhos redondos e singelos na grama serena esverdeada.

A vida continua bela com todos seus problemas,

com suas singelas belezas explícitas a serenos olhos bem abertos.

A vida não cabe um sonho.

Há tempos estava lá, mas não vi.

Agora. Quanto tempo me restará?

Tempo este que continua envolto em neblina.

E se chover amanhã? E se algo a mais existir?

Amanhã, se conseguir compromissos talvez meus arcar,

comprometo-me a esmo comigo mesmo

e ver o sol nascer em meu ser.

Victor Ricardo
Enviado por Victor Ricardo em 13/10/2014
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