Sô da Roça Moço!
SÔ DA ROÇA, MOÇO!
É cedo queu alevanto
E os males ispanto
Cum a Ave Maria
Meto um café no peito
Um pito no quêxo
E cumeça o meu dia.
Nas costa a enxada amolada
E a matula arrumada
É só aligria
Vô limpá fêjão e mio
Na chuva ô no istio
Pra minha famia.
Quando eu chego no campo
Peço um santo
Pra me ajudá
Logo vem o santo da inchente
Móia a terra
Ele é São José.
Ajuêio e faço uma prece
Agardêço a ele com muitia fé
Essa safra vai sê uma fartura
Ninguém me sigura
Se Deus quisé.
Vorto pra casa suado
Corpo cansado
Mais filiz da vida
Essa é a vida da roça
Queu tanto gosto
É minha lida
Inda tenho que ajuntá o gado
A apartá os bizerro
Antes qui a noite venha
Amanhã antes da labuta
Inda tem uma linda luita
Que é a ordenha
Mais no fim de semana
Vô tirá um dia pá discansá
Vô cunvidá os meus cumpanhêro
E quando a lua no céu crariá
Vai tê roda de viola
Cachaça na cachola
Vô intrá de sola
Vô comemorá
Sô da roça moço!
Sô matuto e me orgúio
Sô feitio a Saracura
Que canta bunito e num imbruia
Tomo cachaça da boa
O meu coitié é uma cuia
O sertão é meu cantin
Pur aqui encho minha tuia
Esse meu custume
Vem dos meus avô
Remundo do Bento e Binidita
Estóra bunita cheia de amô
Dois negro de sangue nos zóio
Que essa herança deixô
Na boca da nôte
Vô no meu rio banhá
O dia foi um acôte
Mais as água vai me abençuá
Meu corpo arde de desejo
E a Teresa vai me acarmá!
Inté moço!Inté!
Tinga das Gerais