A viola e o carro de boi

D’um velho carro que meu pai deixou

E que me deu sustento e escola

Foi que tirei a madeira perfeita

Pra fazer com carinho esta viola.

Em cada estrada, morro e chapadão,

Que o velho carro percorreu,

Meu pai também derramou seu suor,

E o tempo sem piedade interrompeu.

E os bois carreiros que com valentia

Puxavam o carro pelo estradão,

Como a poeira também já se foram,

Deixou saudades no meu coração.

Eu me recordo do cocão rangendo,

Fazendo eco pelo meu sertão,

Hoje a saudade é quem está rangendo,

Fazendo eco no meu coração.

O velho carro cortou as campinas

Meu pai gozou a sua mocidade

Com a viola sigo minha sina

Cantando de cidade a cidade.

Com o velho carro meu pai fez a vida

E pra não deixar se perder na história

Do seu passado fiz minha canção,

Do velho carro fiz minha viola.

Martins da Viola
Enviado por Martins da Viola em 08/06/2007
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