A LIBERDADE GUIANDO O POVO

Tô com um olho na ladeira e o outro no meio da praça

vendo a moça sem bandeiras, desnuda, fazendo pirraça,

com o dedo médio em riste pra essa burguesia careta

e o povo, enfim, festejando o direito de rir, de frevar.

Quero o seio dessa moça na boca dessa rebeldia

e a massa se derramando em gozo, suor e poesia.

Quero o clarim convidando essa gente frevente pra dançar.

Eu quero mais é sonhar, eu quero mar, som e ar.

Eu quero mais é sonhar, eu quero mar, som e ar.

Eu quero marcha ligeira do frevo misturando a massa

e quero a “lima de cheiro” da moça que beija e que passa...

Tô com a língua na língua das ruas fazendo fumaça,

eu tô com um pé na ladeira e o outro no meio da praça.

Quer meu amor pegue o passo, me abrace, me freva e me faça

voar (eu sei, não é fácil, mas é quando a gente se abraça)

desacatando o recato com frevo, cerveja e cachaça.

Eu quero mais é sonhar, eu quero mar som e ar.

Eu quero mais é sonhar, eu quero mar som e ar.

Quando chegar quarta-feira e o Último Bloco desfilar

e eu descobrir que era sonho a gente se amando na rua,

não leve a mal se acaso eu pedir quando me acordar:

EU QUERO MAIS É SONHAR, EU QUERO MAR SOM E AR.

EU QUERO MAIS É SONHAR, EU QUERO MAR SOM E AR.