A canção dos dias

Já é o fim de um tempo e eu não vi

Já passaram coisas que senti e perdi

Trechos, partes boas que eu não fixei

Sensações eternas em que não me entreguei

E desapareceram

Fico outro tempo maldizendo demais

Nos intervalos não sei o que fazer

As oportunidades brilham e se vão

Como inspiração de poesia ou canção

E o mundo roda sempre igual

Indiferente a tudo que esvai

Nenhuma conclusão que explique mais

Que a velha sensação desta versão da paz

Algumas vezes volta tudo outra vez

Como a visão das mil vezes que eu trilhei

Ruas e becos da cidade natal

Recorrentes sonhos vivos

A solidão prepara o quarto pra mim

E o silêncio abranda o coração

Mil pensamentos transitando sem fim

Repercutindo a luz da escuridão

O meu consolo é saber

Que tantos passam o mesmo que eu

E que um dia haverá de vir

Na carruagem do apogeu

O que sequer esperei que o dia seria meu