SALGARAM O MAR

Janaína chorou, chorou, chorou

Quando viu seu Amado sumir no horizonte

O pesqueiro indo embora sem nunca mais voltar

E as lágrimas da menina salgaram o mar...

Mar de Janaína, mar de sol e de luar

Mar de quem vive a sina, na espera pra amar...

Mar feito de esperança e grandes temporais

Mar que em sua revolta traz o peito sem paz.

Janaína chorou, chorou, chorou

Quando viu seu Amado sumir no horizonte

O pesqueiro indo embora sem nunca mais voltar

E as lágrimas da menina salgaram o mar...

Mar de Janaína, mar de porto e de cais

De ondas que quebram sonhos em infinitos ais...

Quem a vê esperando na areia imagina

Janaína é sereia que esqueceu de nadar

Não conhece a dor da morena menina

Que ‘inda sonha em ver o Amado retornar....

Mar de Janaína, de lamento e de dor

Mar de quem se alucina cogitando o amor...

Mar de Janaína, mar de brumas e tormentos

Mar de pranto que amofina em tristezas ao vento...

Mar temperado de lágrimas da menina a chorar

Que em sua nostalgia fazem o peito soçobrar.

Na linguagem das contas qu’ela pôs-se a contar

De seu triste lamento além do linear

Sabe que o mar é salgado em todas as línguas,

Em todos os sonhos onde o amor está...

Janaína chorou, chorou, chorou

E as lágrimas da menina salgaram o mar...

By Nina Costa, 25/07/2016

N.A.: Poema inspirado na história do romance “Mar Morto” (1936), de autoria de Jorge Amado, escritor baiano e membro da Academia Brasileira de Letras. Conquistei com este poema (letra de música) o 1º lugar no concurso quinzenal da Casa dos Poetas e da Poesia, com o tema: O mar é salgado em todas as linguas, em todos os sonhos"

Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 30/07/2016
Reeditado em 30/01/2023
Código do texto: T5713532
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