TRISTE REALIDADE
TRISTE REALIDADE
DE: Jose Mauro Dos Santos Amorim
hoje sou fruto de um passado lindo
tempo feliz que bem longe ficou
veio o progresso e as coisas mudaram
e pouca coisa foi o que restou
o monjolinho la na bica d!agua
e o riachinho perto da porteira
já não existem, só ficou lembranças
coisas que ainda guardo na moleira
o pilão velho no canto encostado
a velha sela e o carro de boi
o velho laço de couro transado
marca prá sempre um tempo que se foi
toca seu moço esse seu berrante
é outro som que ouço na cidade
antes que uma bala perdida me encontre
deixa eu matar de vez essa saudade
hoje nao vejo a boiada na estrada
nem mesmo o pó se levanta do chao
o asfalto veio e cobriu a poeira
os bois trafegam so no caminhão
a pionada ja nao conta historias
ja não se canta em volta da fogueira
o sertão hoje esta modificado
ja não existem nem mais as porteiras
o ferrão velho no canto jogado
um par de espora e um estribo na parede
sobre a mesa uma moringa velha
que muitas vezes me matou a sede
toca seu moço esse seu berrante
é outro som que ouço na cidade
antes que uma bala perdida me encontre
deixa eu matar de vez essa saudade
meu pai perdeu a força pro trabalho
veio o cansaço e o derrubou
minha mãezinha, sua companheira
adoeceu e a morte a levou
quanta saudade trago aqui no peito
meio sem jeito tento não chorar
mas quando vejo meu pai acamado
me passa um filme daquele lugar
nossa casinha esta abandonada
é de outro dono o lugar onde eu nasci
fiquei sozinho longe da pionada
por dentro amigo, eu também morri
toca seu moço esse seu berrante
é outro som que ouço na cidade
antes que uma bala perdida me encontre
deixa eu matar de vez essa saudade