INFERNADO

INFERNADO

Sentindo como escravo assim que foi alforriado.

Sem trilho, sem brilho, sem chão e nem pão passado.

Em campo deserto, infértil, decerto bastante errado.

Amuleto da sorte, amolei até a morte do pecado.

Céu trancou a porta, antes mesmo de tê-la fechado.

Jogou a chave fora e cá, na rua, fiquei trancafiado.

Como cachorra no cio, odor que chama o translado.

Pergunta quem anda falando, comentando o recado.

Ninguém troca o certo pelo erro, só na bile, polarizado.

Encontro às cegas escondidas, pelas peças do teclado.

Desmanche de quarto, de século anterior, atualizado.

Sempre injusto, agora ausência, vai queimar, infernado.

Admiração sempre real, proles são exemplo respaldado.

Cabeça erguida e direita, beleza notória, orgulho tratado.

Espero, por muita lembrança, beijar o seu rosto, amigado.

Maior força já vista, amor e poder de se ter compartilhado.