A Glória da Lentidão

Meu dia dói como o peso da desistência

Eu caminho lentamente pelo asfalto em branco

Em direção ao puro e completo desconhecido

Mas espero um resgate, espero um remédio

Que venha, mesmo vagarosamente

Da mesma forma virão as sensações

A desintoxicação é uma arte trabalhosa

A re-intoxicação é algo tentador mas é rápido demais

Quero algo que venha lentamente

Deslizando pela superfície da água

Em direção ao gelo da minha alma

Lento e aquecedor, como os bons sentimentos

Meu dia insiste em ser interminável como a dor do abandono

E eu páro olhando tristemente para o cinza-escuro

Não sei se é a chuva ou se são meus olhos no espelho

Talvez eu acabe me resgatando sem ajuda

Mas será mais complicado do que esperar

Em compensação será lento como eu desejo

Tão devagar como a vida passando

Ela só corre quando precisamos compreendê-la

A quem desejar enfrentá-la, ela acalma e derrota

Numa dança muito, muito vagarosa

Mas não é romântica, é apenas melancólica

No fim, você acaba aprendendo os seus passos sozinho