Circo do Bairro

Eu aqui dentro sozinho e o Astro brilhando lá fora

Minha estrela favorita

Vestido de azul e branco todo claro meio colorido

Nessa tarde agitada de bandeiras e barulhos

Eu dependurado como roupa no varal

Tipo um morcego sofrendo com o coração partido

Sem frases e sem palavras

Meio falso meio exausto

Iludido e perdido regando a flor da ventura

Distraído salguei o arroz e o feijão

Salpiquei demais!

Esperando o amanhã

Esperando o luar

Trancando sempre a porta e esperando sempre por festa

Ainda compro uma corda

Um dia viro um super-herói

Morando num prédio falido

Sinto saudades do meu antigo barraquinho de compensado e zinco

Não tinha trinco e nem tranca mas tinha um pé de salgueiro na frente

Uma hortinha de salsinha do lado e um pé de cheiro-verde

Perto também tinha uma barraquinha antiga e um velho circo

Até fiquei amigo dos palhaços

Até que um dia subi no palco vestido de palhaço

Que alegria!

Que saudade!

Saudade daquela sonoridade

Buzina, Apito, Corneta, Caixa e Prato

Saudades da mulher gorila

Da paródia do hino nacional

Do festival de musica

Do litro de cachaça com cinco metros de linguiça e carne de sol

Mas acabou!

Voou sem destino aquela alegria

Ainda visito aquele chão

Eu e o meu violão andando e compondo ao som da velha canção

Na sofreguidão

Paulo Poba e Suzana Costa
Enviado por Paulo Poba em 12/03/2019
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