Circo do Bairro
Eu aqui dentro sozinho e o Astro brilhando lá fora
Minha estrela favorita
Vestido de azul e branco todo claro meio colorido
Nessa tarde agitada de bandeiras e barulhos
Eu dependurado como roupa no varal
Tipo um morcego sofrendo com o coração partido
Sem frases e sem palavras
Meio falso meio exausto
Iludido e perdido regando a flor da ventura
Distraído salguei o arroz e o feijão
Salpiquei demais!
Esperando o amanhã
Esperando o luar
Trancando sempre a porta e esperando sempre por festa
Ainda compro uma corda
Um dia viro um super-herói
Morando num prédio falido
Sinto saudades do meu antigo barraquinho de compensado e zinco
Não tinha trinco e nem tranca mas tinha um pé de salgueiro na frente
Uma hortinha de salsinha do lado e um pé de cheiro-verde
Perto também tinha uma barraquinha antiga e um velho circo
Até fiquei amigo dos palhaços
Até que um dia subi no palco vestido de palhaço
Que alegria!
Que saudade!
Saudade daquela sonoridade
Buzina, Apito, Corneta, Caixa e Prato
Saudades da mulher gorila
Da paródia do hino nacional
Do festival de musica
Do litro de cachaça com cinco metros de linguiça e carne de sol
Mas acabou!
Voou sem destino aquela alegria
Ainda visito aquele chão
Eu e o meu violão andando e compondo ao som da velha canção
Na sofreguidão