A Faca

Sobe o miasma do que já se acusava

Transpira às frestas dessa porta escancarada

Talha na pedra com suas unhas de gata

Misericórdia à ferida salgada

Derruba da estante a prata

Faz derreter o mal na máscara

E, quando, no fim, o dia acaba,

Retem a estranha posição de faca

Cresce ela incrível de peçonha na cauda

Esconde os olhos, então o jogo e a fala,

Quarteja torto a todo inocente na ala

Remenda de volta doutro coração de traça

Cai, de repente, a cerâmica estraçalha,

Um corpo gelado que cobre a sala

E gritam doidos desde lá da porta,

Mas já vai bem longe o sicário fantasma

H Reis
Enviado por H Reis em 04/12/2019
Código do texto: T6810422
Classificação de conteúdo: seguro