Avesso

Estou cansado

De tanta mentira

Pra nos humilhar

Trabalho mais

Menos tenho valor

Na hora do almoço, moço,

É que eu mais padeço

E aí eu viro do avesso

Do avesso, do avesso

Na educação

Na mesma situação

A violência, a negligência

E aí eu viro do avesso

Do avesso, do avesso

Padeço às vezes em noite de Lua

De ver meu povo

No meio da rua com fome

E aí eu viro do avesso

Do avesso, do avesso

As matas, os rios, os risos

Os índios estão tão tristes

E no fim

O seringueiro no chão

Amazônia nosso pulmão ferido

Queimando aos poucos

Nossos cabelos

E aí eu viro do avesso, do avesso.

Carlos David Toffano, Campo Alegre, 21/05/87

Davida Toffano
Enviado por Davida Toffano em 12/06/2020
Código do texto: T6975681
Classificação de conteúdo: seguro