Avesso
Estou cansado
De tanta mentira
Pra nos humilhar
Trabalho mais
Menos tenho valor
Na hora do almoço, moço,
É que eu mais padeço
E aí eu viro do avesso
Do avesso, do avesso
Na educação
Na mesma situação
A violência, a negligência
E aí eu viro do avesso
Do avesso, do avesso
Padeço às vezes em noite de Lua
De ver meu povo
No meio da rua com fome
E aí eu viro do avesso
Do avesso, do avesso
As matas, os rios, os risos
Os índios estão tão tristes
E no fim
O seringueiro no chão
Amazônia nosso pulmão ferido
Queimando aos poucos
Nossos cabelos
E aí eu viro do avesso, do avesso.
Carlos David Toffano, Campo Alegre, 21/05/87