08

esse é o último rabisco do meu primeiro livro

já que tudo que eu conquisto vale nada enquanto vivo,

reconhecimento após a morte é algo tão hilário

pergunta para o Van Gogh _ quanto vale cada quadro?

cortem os dedos antes de apontar

cortaria a orelha para não ter de ouvi-los!

vivendo devaneios para me desapontar

contaria quantas lágrimas e os erros

que me faz a ovelha negra dos meus entes queridos,

na boca um gosto amargo de wasabi

na boa amor eu gosto quando cê já sabe,

no bolso esse cigarro nem carbura

ô moça se te agarro cê me atura?

pus na mente enquanto cabe

sente as garras da loucura,

opus-me a gente que se gabe

puxos e garrafas

e não sinto mais tontura,

tem um sapato na sua pedra mantém pinta de um príncipe,

e um sapo fode ela sem muito disse e me disse,

a vida cobra jogo fácil fecha a perna

já que o mutuo não existe,

avista a cobra pisa nela ainda há tempo não desiste,

nunca soube o que é princípios

há tempos eu me joguei de um precipício,

fugir é fácil, pense nisso, difícil é enfrentar o q tememos,

com medo de ser visto,

comendo de seus vícios

e alimentando prepotência,

um método rustico

a meio metro do meu rosto

vi de perto minha doença,

predestinado a ser um merda

vou morrer sozinho com o meu rancor que nem meu pai

ele mesmo quem dizia que não se ganha se herda

é minha própria natureza quem me trai,

a julgar pela cara to farto de estar entre os vivos

e se juntar nossa tara até que me iludo nesse mundo lúdico,

em volta só vejo vultos

quem sabe o tempo me torne adulto,

felicidade a curto prazo

prezo inocência que ainda me resta,

saudade cospe no próprio prato

preso a sentença de andar sob trevas,

morrerei em milésimos de um orgasmo

logo após o por do sol,

existirei através das folhas que rasgo

anestesiado da dor de quem sou,

conte-me, ainda existe poesia?

não a encontro em ninguém que não seja você,

corte-me, me suporto mais um dia

a procura de alguém que não posso esquecer,

o que se plantou, está sendo pago no cerco

selvagens a parte cuspiram em quadros,

agora me conta, qual o plantio? no seu solo seco,

selaram a arte e lavaram as mãos,

imagens e margens sob o sol do verão,

imagina a gente fazendo do nosso calor edredom,

ultrapassado e antiquado

cabe a nós continuar o que se aprende,

no passado ouvi calado para ensina-los no presente,

sente-se a mesa com a matilha

olhar frio, corpo quente, sente-se o mesmo todo dia,

vida vazia, copo cheio.

R Lelis
Enviado por R Lelis em 31/07/2022
Reeditado em 10/08/2022
Código do texto: T7572292
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