Velha Coroca

( Poesia Melodiosa ).

E a velha coroca,

Catando minhoca,

Pulando qual foca,

No ar, a mão soca,

Por puro prazer...

No gosto, desgosto,

De caso manhoso,

De pisco acintoso,

Qual doce paçoca,

Não fácil mover...

De rusga na toca,

Pulando à pipoca,

À toa se invoca,

Faceira arrota,

Se por goela mexer...

No rosco, enrosco,

Lá vem jiripoca,

No voo muriçoca,

Do gesto mais tosco,

Melhor é correr...

Se ajeita na certa,

Só vendo de perto,

Inventa sem nexo,

Levada um treco,

Faz drama, insistente...

Caminhada, incerta,

Ao chão, desleixada,

Cabeça arriada,

De face emburrada,

Em perigo iminente...

De corpo curvado,

Sem ter um cajado,

Vestido amassado,

No passo entortado,

Ao vento a tremer...

Só faz o que pensa,

Tem vida suspensa,

Vontade imensa,

Coitada, intensa,

No modo adoecer...

Não aceita oferta,

Caridade é deixada,

Se prende na fala,

Sentindo lesada,

Intenta por muda...

No fuxico é chegada,

Põe culpa, malvada,

Na graça pensada,

Nas pedras se rala,

Se nega na ajuda...

Na cisma danada,

Sem fazer nada,

Com boa parada,

Esnoba, suada,

Na lerdeza, certeza...

Assunta, contente,

Primeira, insistente,

Assenta na frente,

Pedido indecente,

Por pratos na mesa...

Na noite que chega,

Encrenca esticada,

De pose moldada,

Coragem fretada,

O remédio a cuspir...

Na birra de graça,

Folgando na raça,

No tempo que passa,

Qual vinho na taça,

Sem horas pra agir...

De banho passado,

De olhos fechados,

Do beiço tombado,

No reino de estado,

Não quer se despir...

Diz alheia da vida,

Se faz de sofrida,

De trama movida,

Por frio, encolhida,

Seu lema é fingir...

Mas posta na cama,

Pegadas sem lama,

Rezando que ama,

Por horas de fama,

Depois balbuciando...

O Instante é no ato,

O Retrato é do fato,

Num riso zombado,

Se vira pro lado,

No tombo roncando...