Crepúsculo da vida

Adeus, adeus minha meiga juventude

adeus, adeus mocidade que perdi

achibatado com o chicote da amargura

dou adeus às aventuras que ainda jovem vivi

durante anos minha vida foi fantasia

falsa alegria seguida por vaidade

na situação que estou não me resta esperança

só tem lembrança e junto com ela a saudade.

Tantos amores desejei na minha vida

e nenhum deles hoje vive para mim

estou cansado pois fracassei no caminho

vivo sozinho lamentando o triste fim

quando fui jovem não percebi os exemplos

parei no tempo e o tempo por mim passou

vejo no espelho os meus cabelos branqueando

denunciando que a velhice chegou.

Eu dou adeus aos sonhos da minha infância

que à distância cansado me despedi

tem uma mágoa tomando conta de mim

por não ser esse o fim que eu escolhi

adeus pra sempre minha tão falsa nobreza

tanta tristeza me traz essa ilusão

pesa o castigo na minha sorte ranzinza

e o chapéu cinza da amarga solidão.

Restam resquícios do orgulho que foi vivo

e hoje é apenas um sentimento fanado

que na dormência do crepúsculo da vida

sem ter guarida se extraviou no passado

lamento tanto ter substimado a sorte

eu fui tão forte e hoje busco reduto

eis que o orgulho e o tempo se encarregaram e

me transformaram nesse zero absuto.