A LINGUÍSTICA COMO REFERÊNCIA: uma investigação no contexto de produção textual

RESUMO

Este artigo consiste em uma pesquisa bibliográfica em que evidencia a origem da linguagem e suas características. Com base nos pressupostos teóricos tendo a linguístca como referência e fundamentada em estudiosos como: Koch, Buin, Câmara Júnior, entre outros, constata-se que a linguagem – foco de exaustiva investigações – é um dos maiores recursos que o ser humano possui para se comunicar e interagir socialmente. A linguagem pode e deve ser transformada sempre em textos, e esse exercício garante uma produção textual de qualidade, pois é a organização de um texto constituído de recursos lingüísticos que sustentará o processo cognitivo leitor-escritor- texto-sentido.

Palavras – chave: Linguística. Texto. Linguagem. Produção textual.

ABSTRACT

This article consists of a bibliographic search in which highlights the origin of language and its features. On the basis of theoretical assumptions having the linguístca as reference and reasoned scholars as: Koch, Buin, Junior Chamber, among others, the language – focus of exhaustive research – is one of the biggest features that the human being has to communicate and interact socially. The language can and should be transformed into texts, and this exercise ensures a textual production, because quality is the Organization of a text consisting of linguistic resources that sustain the cognitive process-text reader-writer-sense.

Key words: linguistic. Text. Language. Textual Production.

INTRODUÇÃO

As pesquisas sobre a produção textual vêm ao longo dos anos evoluindo em suas práticas e abordagens. Nas últimas décadas, com as investigações de métodos que priorizam a competência do aluno em relação à escrita, vários estudos linguísticos vêm sendo explorados no sentido de se entender os fatores que comprometem um texto na sua construção.

O ensino de estruturas, por exemplo, ganham importância, à medida que a leitura, e a escrita correspondem e sinalizam que o sentido do texto pode ser extraído por meio de uma excelente organização estrutural.

Essa sistematização contribui para que a leitura possa fluir com naturalidade oferecendo ao leitor várias possibilidades de interpretação. Isso facilita a interação leitor-texto e reafirma que a linguística serve como referência na elaboração de um texto.

1 UMA ABORDAGEM SOBRE A ORIGEM DA LINGUAGEM

A origem da linguagem é um desafio para todos os pesquisadores da era moderna, isto é, para aqueles estudiosos das novas tendências no contexto lingüístico, pela questão até mesmo cética de se crer nos escritos arcaicos.

Acredita-se que um milhão de gerações de homens sempre viveram assustados nos tempos pré-históricos onde os antepassados (nossos) eram criaturas musculosas, pequenas, com pernas tortas e viviam nus. Comunicavam-se por grunhidos e berros e nem sequer utilizavam linguagem articulada.

De acordo com Thomas (1983, p. 18): “Além da roupa e do fogo, os primitivos homens da caverna adquiriram ainda a capacidade da linguagem articulada. No entanto, antes de aprenderem a falar, aprenderam provavelmente a cantar”.

Foi por necessidade, e dificuldade de sobrevivência que soltaram gritos, sendo mais tarde parecido com um canto.

De acordo com o mesmo autor “[...] os mais inteligentes puseram-se a exprimir seus pensamentos [...] inflexões da voz, os quais davam aos grunhidos um caráter mais nítido. Dessa forma, nasceram as primeiras sílabas da linguagem humana”. Percebe-se com essa teoria que a linguagem humana tem sua origem no âmbito da história, relacionada a questão da natureza, ou seja, foi absolutamente a partir de muito esforço no aspecto de articulação que brotou a linguagem dos seres humanos.

Com a evolução, os seres humanos desenvolveram muito bem essa capacidade da linguagem. Evolução esta com demarcação da história em que o próprio homem constituiu a linguagem, se sujeitou a ela e como próprio sujeito, também, está inserido às questões culturais em que a sociedade exige dele uma constante postura de linguagem, em quaisquer circunstâncias em que esteja.

Através da interlocução os homens praticaram a linguagem estabelecendo uma cumplicidade peculiar de sua própria natureza.

Diante das especulações e estudos dirigidos à origem da linguagem, tornou-se relevante o conhecimento dos mitos, histórias e pareceres relacionados a esta origem que revelam o início de um estudo cabível ao homem no seu contexto intrassocial que repercute no processo lingüístico atual garantindo a comunicação humana através do entrelaçamento das palavras. De acordo com Kristeva (1969, p. 61): [...] “as crenças e as religiões atribuem essa origem a uma força divina, aos animais e a seres fantásticos que o homem teria imitado”.

Ao transcorrer do tempo, o homem percebeu a necessidade de estabelecer a comunicação para abraçar os seus propósitos, sendo assim, a linguagem humana foi construída a partir de sons imperfeitos, porém, gradativamente estes sons emitidos foram constituindo palavras, frases e sequências significativas que traduzem a liberdade de expressão diante do processo linguístico.

Durante o desenvolvimento da fala os gritos, gestos e os sons confusos traçaram o alicerce da linguagem em épocas passadas, propiciando a descoberta dos sons inteligíveis, organizados estabelecendo a comunicação de forma a relacionar palavras, sentido e imagem diversificando os valores através da linguagem.

Assim como os animais emitem sons, o homem emitia ruídos inteligíveis que ao longo dos anos foram aprimorando os fonemas e percebendo a capacidade peculiar humana de expressar as suas ideias de maneira objetiva e transparente.

Quando se reflete sobre a linguagem humana, pensa-se estar perante um emaranhado de formas mentais, que são os pensamentos, estruturados e criados conforme a mentalidade de um povo.

A linguagem humana é algo que tem o poder de transformar o homem e seu habitat, o que se entende que a mesma, possui um grande poder pelo qual empurra os seres humanos a construir significados para tudo que está ao seu redor.

E tudo que é usado no ato da produção da linguagem constitui um sistema pelo qual o ser humano nasce, cresce e se desenvolve em um processo contínuo de reconstrução do significado da vida.

2 CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM HUMANA

Para uma discussão aprofundada nos aspectos que envolvem a linguagem é mister que se recorra a Smith (2003, p. 42):

[...] sobre seu aspecto físico, sobre características que podem ser medidas, tais como volume ou duração ou timbre dos sons da fala [...], por outro lado, existe uma parte da linguagem que não pode ser nem diretamente observada nem medida, e esta parte é o significado.

Naturalmente, estas afirmações revelam a complexidade da linguagem no sentido de desenvolver para cada signo um significado. Isso requer todo um processo de construir e reconstruir língua(gens).

Além disso, nas características da linguagem existe um elemento muitíssimo importante – é a socialização. A socialização é feita quase sempre pela linguagem no lar, fora do lar, nas escolas, vizinhanças, em clubes, no trabalho, entre outras.

Atrelada a essa característica existe aquela que é considerada básica – a relação dialógica. Só existe socialização se, também, o diálogo for instaurado.

Percebe-se que qualquer diálogo se dá por meio de um aparelho vocal, que é a característica maior do ser humano em que a fala é condição para expandir esse diálogo.

Em relação às características do pensamento que precede a linguagem, Vanoye (2003, p. 276) explica:

Admitindo-se que os obstáculos à expressão do eu sejam suprimidos, resta ainda uma questão a ser colocada: as palavras que constituem a mensagem emitida exprimem perfeitamente o pensamento? Conforme La Bruyére: “Entre todas as diferentes expressões que podem traduzir um de nossos pensamentos, apenas uma é a correta. Não é sempre que a encontramos, quando falamos ou escrevemos; no entanto, é certo que ela existe (...)” (Os caracteres I. 17).

O pensamento se encarrega de criar e elaborar ideias prontas para serem emitidas, porém, a linguagem não exprime todos os pensamentos nem todos os sentimentos, deixando algo a complementar, explanando de forma verossímil em muitos casos, numa busca constante em relacionar concomitantemente o que se pensa e a forma de externar aquilo que está oculto.

O ser humano utiliza a linguagem e antes de concretização lingüística, através da fala, ele pode estabelecer um processo eloquente ou simplesmente se esforçar para relatar com clareza aquilo que está em seu íntimo.

Com o poder de socializar as pessoas e interagir Vanoye (1003, op. cit, p. 213) comenta:

O diálogo implica um sentido e um resultado. Não se dialoga no vazio, mas para se informar ou se defrontar com alguém. Extraindo do diálogo uma significação global, diremos que não se trata de conseguir que um dos dois interlocutores se incline diante do outro, mas que o diálogo enriqueça, de uma maneira ou de outra, seus participantes. O diálogo supõe, da parte de quem fala, a vontade de se fazer compreender, e da parte de quem ouve, a decisão de ouvir e de compreender.

A linguagem propõe maneiras adequadas para a construção de uma conversa coerente, agradável e formal. Isso está relacionado com as faculdades cognitivas da língua do usuário; esse falará conforme os entrelaçamentos construídos em sua mente, firmados por meio de seu conhecimento empírico ou formal revelando de forma aprimorada o que se pretende falar.

Através da conversa encontram-se argumentos, resoluções, estratégias melhores e interação, que provoca socialização dos seres. A linguagem é o preâmbulo das relações humanas, proporcionando a permuta de conhecimentos, informações e evolução do saber, enriquecendo e valorizando os propósitos surgidos no pensamento.

Ao estudar sobre a linguagem humana, deve-se observar que ela se processa através da racionalidade humana, que sendo ilimitada, permite que o ser humano apregoe suas reflexões através da fala. Sendo assim, o homem usa o seu aparelho vocal, que dá ao mesmo a possibilidade de combinar palavras e frases, e com ele estruturar o ato comunicativo para se comunicar com seu semelhante.

A oralidade institui a conversação e dá a mesma um caráter pessoal marcada por regras que norteiam o ato da fala. Não obstante, essa característica não é utilizada de maneira isolada, pois junto com ela usamos outra característica que é a gesticulação. Essa última é utilizada concomitantemente à fala e dá ao ato comunicativo uma complexidade, pois, proporcionalmente falamos e usamos os gestos a fim de completarmos o discurso proferido.

A linguagem também permite que o homem acumule conhecimentos pelos quais ele se desenvolverá intelectualmente, abrindo precedentes para outros tipos de linguagem, tais como, a linguagem literária, publicitária, computacional, entre outras, ou seja, é essa racionalidade do ser humano que garante a existência de linguagens, dentro de uma mesma linguagem para que esta possa ser compreendido.

O homem, como ser social é o precursor da lógica comunicativa que rege as relações humanas, ele utiliza a linguagem para retratar a realidade por meio das ideias que vertem dos organismos sociais. Usando o seu pensamento, que é inerente ao homem, ele passa a conviver socialmente, e à medida que se desenvolve intelectualmente permite que haja uma abertura para a construção e reconstrução da realidade em que ele está inserido, materializada, principalmente, na oralidade e na escrita.

Porém, entre o oral e escrito, este último se perpetua, porque é o retrato da objetividade do pensamento. Mussalim (2004, p. 63) diz que “A linguagem não é, portanto, meio neutro de transmitir ideias, mas sim constituída da realidade social”. E não há meio melhor de se retratar a realidade do que escrevendo sobre ela.

Entende-se que, em virtude dessa necessidade de registrar seu pensamento é que os escritos passam a ser uma das formas para perpetuar a realidade presenciada e vivida, para isso o homem possui outra característica - a memória. E a partir dela, a sua vida estará sendo revivida, recriada, reinventada de acordo com a criatividade de cada ser humano

A linguagem é uma ação interior do ser humano transmudada em expressão oral ou escrita que exprime o pensamento do homem e o torna capaz de expressar tudo quanto está em sua imaginação, dessa maneira, o seu mundo imaginário passa a ser real. Como expressão, entende-se que nem todo pensamento será materializado, visto que é natural que se faça uma seleção do que seja mais importante na verbalização do pensamento, pois o assunto a ser tratado deve ser compreendido pelos participantes do discurso. É necessário que ambos estejam concatenados entre o conteúdo abordado e uma realidade comum entre ambos.

Todavia, é preciso que haja coerência no ato da comunicação no que diz respeito a linguagem usada no momento da conversação, visto que esta é uma prática da vida social, e para que essa prática ocorra faz-se necessário que sejam envolvidos alguns elementos essenciais ao ato da comunicação, isto é, emissor, mensagem, canal, receptor e o código, tendo sempre como referente a realidade vivida.

Entretanto, é essencial que a linguagem seja qualitativa, visto que só haverá entendimento entre os participantes, caso a mensagem seja compreendida entre eles.

Sendo assim, Camara Júnior(1986, 13), comenta que

[…] a nitidez e o rigor da expressão do pensamento, ou, em outros termos, a precisão lógica da exposição linguística tem a primazia sobre tudo mais. A ela se adjunge, como elemento de atração, a qualidade que empolga ou seduz, predispondo a razão a se fixar no que lhe é exposto e a se deixar convencer; ou seja, o efeito retórico em última análise.

Entende-se com isso que com a progressão do pensamento não deverá ser usado de maneira vaga e sem objetividade, mas, justamente o contrário. As ideias e imaginações, ou seja, tudo aquilo que faz parte da atividade mental do homem, deve estar ao seu dispor; e partindo dele, o homem pode estabelecer uma linha no tempo em que essas ações feitas dentro da sua comunicação com os demais, alcance dentro uma receptividade a partir do estímulo que o expositor provoca para o receptor ou receptores.

Dai, vê-se a necessidade de o diálogo, ou o texto escrito ter boa qualidade comunicativa, para que o mesmo seja entendido por todos que estão inseridos numa situação concreta de comunicação.

3 A EXPERIÊNCIA DA LINGUAGEM TRANSFORMADA EM TEXTO

Tomando-se como critério de exercício da linguagem e o próprio caráter natural exercido pela língua é no texto que se realiza toda a experiência com a língua(gem). Todavia, as exigências normativas no contexto gramatical-linguística voltadas para, especificamente, texto escrito faz a linguagem uma experiência única.

O uso do discurso e do texto como unidade linguística não é considerado processo uniforme, pois há diversas relações teórico metodológicas.

O texto é algo construído com objetivo, despertando no ouvinte ou leitor o estímulo de correspondência resultando no diálogo, interação e na comunicação.

Esse movimento interativo leva os participantes do ato de comunicação interagirem de forma global, propondo condições satisfatórias em favor da comunicação eficaz.

Koch (1993, p. 24) revela:

[...] a nível de leitor individual um texto coeso pode parecer incoerente, por dificuldades particulares do leitor, como o desconhecimento do assunto ou a não -inserção na situação, tudo isso evidencia que a coesão ajuda a estabelecer a coerência, mas não a garante, pois ela depende muito dos usuários do texto (seu conhecimento de mundo etc.) e da situação.

A coesão e a coerência são fatores linguísticos que colaboram com a compreensão do texto, porém, outra parte dessa compreensão concentra-se no receptor que necessita entender sobre o que fala o texto, incluindo o seu conhecimento de mundo, a sua abrangência de sabedoria em relação ao assunto discorrido, tornando assim, um texto coerente ou incoerente dependendo do usuário.

Um texto coerente para um leitor, pode não ser coerente para outro, vários elementos são relevantes no processo da comunicação: a coerência, a coesão e outros fatores da textualidade. Um exemplo de incoerência para alguns é a linguagem técnica que pode estar relacionada às profissões, se o leitor não possuir conhecimento de palavras inusitadas ou termos peculiares ao tema proposto, exibirá uma dificuldade de nitidez por parte do receptor, que não capta o sentido intencional contido no conjunto de palavras, obtendo assim, pouco ou nenhum rendimento diante da leitura do conteúdo, que necessitará de aprofundamento do assunto.

Koch (op. cit, p. 60): “O estabelecimento do sentido de um texto depende em grande parte do conhecimento de mundo dos seus usuários, porque é só este conhecimento que vai permitir a realização de processos cruciais para a compreensão ”.

O leitor precisa saber sobre o que fala o texto. Após ter sido processado o conhecimento proveniente do texto, faz-se necessário uní-lo à memória, produzindo um rendimento amplo com relação à aquisição deste saber.

O conhecimento de mundo auxilia na compreensão do texto, podendo ser comum o resultado da experiência cotidiana, ou científica. O entendimento do texto será gradual, sendo assimilado na memória as informações.

De acordo com koch (1993, p. 11):

A coerência teria a ver com a “boa formação” do texto, mas num sentido que não tem nada a ver com qualquer ideia assemelhada á noção de gramaticalidade usada no nível da frase, sendo mais ligada, talvez, a uma boa formação em termos da interlocução comunicativa.

Por isso, o texto necessita ter sentido para que o leitor goste da leitura e permaneça envolvido.

A coerência é o caminho que todo texto deve trilhar para haver uma consonância entre usuário da língua portuguesa e as palavras contidas no texto.

As letras, as palavras, as frases, as orações, os períodos; podem transformar o texto num patamar formal ou informar, explícito ou implícito, coerente ou incoerente, conciso ou prolixo, técnico ou comum.

Os fatores programáticos de ordem culta estruturam o texto e contribuem para o estabelecimento da comunicação, gerando a utilização dos vocábulos corretos e precisos, a presença da concordância entre os nome e os verbos e a conexão das ideias que embasam a temática do texto organizando os fatos, argumentos ou descrições que compõem as diversas tipologias textuais.

A nitidez textual é proveniente do esforço do autor das linhas escritas que responde pelas convergências e divergências expostas no texto, pois, um texto se desenvolve de maneira linear, ou seja, as partes que o formam surgem uma após a outra, relacionando-se com o que já foi dito ou com o que se vai dizer.

A coesão contribui para a ligação dos termos, uniformizando o texto e priorizando a sua progressão, isto é, o acréscimo de novas informações devem surgir no desenvolvimento do conteúdo, tendo cautela com as repetições, precisando ser substituídos ou utilizadas com limitações.

A estrutura é a disposição e ordem das partes constitutivas de um todo, impregnando no desfecho, a linearidade necessária para a unidade formal das construções periódicas. E nos processos formadores no entrelaçamento da comunicação escrita, proporcionasse a interligação contextual que define a coerência, equilibra o raciocínio dito anteriormente e produz a relação adequada no âmbito do encadeamento inerente ao texto.

O intuito do leitor é interpretar de forma exata o que foi lido. Isso é possível quando o leitor possui o conhecimento empírico e o texto reproduz nitidamente a mensagem que deseja transmitir.

Após a leitura é possível transmitir oralmente aquilo que leu, pois criou-se mentalmente um retrato imaginário do que foi assimilado pelo leitor, explanando a coesão contida no desenvolvimento da produção escrita.

O cenário imaginário reflete a sequência contida no texto de forma econômica, repassando resumidamente as partes principais e salientando algo que se destacou no contexto através da recepção de informações baseadas na exposição escrita.

O leitor reproduz sinteticamente o que absorveu diante das frases e períodos estudados, enfatizando trechos relevantes e expressando a ligação lexical que estrutura e ordena os ideais do autor. “Às vezes, a presença de um elemento lexical pode mostrar uma grande diferença entre um texto considerado coerente ou incoerente.

Os menores símbolos/signos podem modificar o sentido real do discurso, oferecer ambiguidade ou difundir incoerência no conteúdo. Isso acontece porque o elo deve ser constante no processo escrito, estabelecendo a sequência exigida pela temática, pois ocorrendo divergências semânticas a falta de linearidade compromete a leitura.

A língua culta é estudada pelos pesquisadores em comunicação que prezam pela harmonia dos sons, dos regulamentos lingüísticos e das etimologias adequadas.

A linguagem formal apresenta o vocabulário apurado, construções mais elaboradas e coerência nas ideias transmitidas, esclarecendo adequadamente os propósitos do emissor. Para utilizar a norma culta é indispensável a dedicação do emissor, buscando conhecimento de sua língua e interagindo com o mundo.

A leitura é um dos meios para adquirir informações e desenvolver reflexões críticas sobre a realidade. Informações submetidas à reflexão crítica são indispensáveis à produção de textos de qualidade falados ou escritos. A leitura de textos escritos, feita adequadamente, também nos permite depreender esquemas e formas da língua escrita.

As ligações existentes na continuidade textual cooperam para uma linearidade progressiva, que orienta o desenvolvimento inerente às relações necessária para as ideias que fluem durante o processo de interação entre falante e ouvinte e estabelece uma ordem que auxilia na clareza do texto.

A ambiguidade pode trazer complicações para o texto causando confusão na leitura e distorcendo o seu real sentido e causando dúvidas para o leitor. Aquele que escreve deve estar atento para a pontuação e o emprego de palavras ou expressões que poderão tornar o texto obscuro.

O objetivo do usuário do texto – isto é leitor - é compreender a mensagem e até poder transmitir o que foi lido, portanto a nitidez do assunto é realizada conforme a assimilação do leitor mediante às suas reflexões sensatas ou inadequadas.

Promover a coerência textual é parte essencial para o êxito na interpretação, excluindo elementos contraditórios.

É preciso evitar a indefinição na forma de o emissor se posicionar em relação ao texto e ao receptor. É recomendável manter o mesmo procedimento ao longo de todo o texto, adotando inicialmente a primeira ou a terceira pessoa e mantendo essa forma até o final.

Para que se possa refletir sobre coerência e coesão é necessário, primeiramente, fazer uma abordagem teórica conceitual de cada um e corroborar a sua importância para construção dos variados gêneros textuais.

Dessa maneira, entende-se que a coerência é a lógica significativa que aparece entre as partes do texto formando uma unidade integrada, na qual os leitores poderão reter delas um significado consistente do conteúdo e do seu contexto. Dessa forma, a coerência não é apenas uma mera questão gramatical no sentido de boa formação das frases, mas é um sentido do todo analisado parte a parte, pois mesmo as frases bem estruturadas não poderão estar soltas no contexto.

Além disso, para que haja coerência textual é necessário que os leitores compreendam e interpretem aquilo que foi escrito, isto é, o texto só estará coerente se foi estabelecido um ato comunicacional cujas ideias contidas no texto farão parte da memória do leitor para que este estabeleça a sua compreensão.

Para compreender a coesão textual busca-se em Koch (1993, p. 13), o seguinte:

[...] a coesão é explicitamente revelada através de marcas lingüísticas, índices formais na estrutura da seqüência lingüística e superficial do texto, sendo, portanto, de caráter linear, já que se manifesta na organização seqüencial do texto.

Percebe-se dessa maneira, que a coesão está relacionada à gramática, à sintaxe e à semântica pelas quais constituem as partes estruturais do texto. Essas três marcas deixadas na escrita compõem tudo que se organiza mentalmente e se materializa na língua por meio de palavras ou signos. Ao afirmar que um texto é coeso leva-se em consideração que as palavras (classes gramaticais) e os significados das mesmas completam o sentido umas das outras dentro da mesma frase, ou entre orações; é na verdade um entrelaço de palavras que buscam dar uma mesma conexão entre as ideias escritas.

A mesma autora (1993, p. 26) afirma:

Textualidade ou textura é o que faz de uma seqüência lingüística um texto e não uma seqüência ou um amontoado aleatório de frases ou palavras. A seqüência é percebida como texto quando aquele que a recebe é capaz de percebê-la como uma unidade significativa global.

Percebe-se assim, que não é necessário que haja nos textos coesão e coerência ao mesmo tempo, porque muitas vezes os textos se fazem compreender por um simples enunciado, ou até mesmo pelo seu título. Quando aqui se fala em textualidade ou textura é o modo como se tece o texto, ou se constrói a trama, seja ela uma poesia ou texto em prosa, o autor usará um encadeamento de orações ou frases para expressar as ideias contidas nessas tramas, ao mesmo tempo em que o leitor buscará compreender o que está escrito.

Entende-se, também, que os textos que possuem apenas coesão não estarão estruturalmente errados, pois podem apresentar coerência. Todavia, se as ideias estão aleatoriamente escritas, sem haver entre elas uma seqüência para que o leitor as entenda no texto este não será coerente, e, portanto, estará quebrado o contrato entre escritor e leitor.

Assim, as ações materiais são as construções reais pelas quais se fará a construção do texto. Ou seja, os elementos coesivos (conectores, tempos verbais, anáforas) que dão ao texto a sua sustentação coesiva enquanto elemento do ato da comunicação, bem como os processos cognitivos, isto é, o vasto conhecimento que possui o escritor o levará a compreender as suas ideias e desenvolvê-las em unidades linguísticas menores.

Vê-se também que o contexto, sendo o encadeamento das ideias contidas numa produção textual, usa a memória que é algo inerente ao homem, para retratar os fatos da vida social, a memória então é usada como fonte para se reproduzir o mundo que nos cerca e torna-se um valioso instrumento nas construções textuais. Além disso, a realidade humana não pode estar à margem dos escritos, ela deve fazer parte tanto das nossas vivências quanto das nossas escritas. Portanto, os acontecimentos reais ou fantasiosos que se faz enquanto escritor vem a ser a base no processo de construção textual.

Já em outra noção de lingüística textual, nota-se a interação como aquilo que os leitores e escritores trazem em comum: os significados. Ambos possuem para aquilo que está sendo lido tenha um sentido, e este é particular a cada indivíduo no seu processo de leitura.

Na tentativa de compreender o processo de construção de texto, segundo a linguística textual, o esquema abaixo sugere o trajeto cognitivo deste processo.

Os participantes do ato comunicativo (leitor)ouvinte) constroem uma cadeia de sentidos em que, nessariamente, os sentidos são os elos que enviam e recebem ao mesmo tempo o “texto” – visto aqui como ato comunicativo – para se processado e construído, por isso leitor/ouvinte/escritor/falante são co-participantes.

Segundo a revelação de Buin, (2002, p.31)

A ‘sinalização textual’ tem a função básica de organizar o texto, fornecendo ao interlocutor apoios para o processamento textual mediante ‘orientações’ ou indicações para cima, para baixo (no texto escrito), para frente ou para trás, ou estabelecendo uma ordenação entre os segmentos textuais ou partes do texto.

Neste sentido, a autora demonstra que a “indicação para cima, para baixo ou [... ] é um recurso linguístico usado em todos os tipos de textos. No texto literário é comum essa reativação quando se observa os mecanismos linguísticos empregados na substituição sequencial das personagens construídas nas narrativas.

A partir disso, verifica-se que a superfície textual possui signos lingüísticos pelos quais se forma a continuidade dos sentidos do texto. Considerando que, segundo Koch (1997), há entre as modalidades de coesão a sequenciação e a remissão, vê-se nas superfícies textuais diversas maneiras de se estabelecer essa continuidade. A sequenciação é a maneira pela qual se garante os sentidos utilizando diversos termos ou expressões, como também, paralelismos, paráfrases, elementos fonológicos (rima, aliteração, assonância) e tempos verbais. Já a remissão garante a reativação de referentes ou marca uma sinalização que orienta o prosseguimento do discurso.

Além da sequenciação a autora conceitua a remissão na qual são usados, nos textos, referenciação anafórica (que é a remissão para trás) e a catafórica (que é a remissão para frente). Esta remissão se dá com vários termos lingüísticos como pronomes, numerais, advérbios pronominais, artigos, sinônimos, hiperônimos, expressões, nomes genéricos e elipse.

Como exemplo, o seguinte texto de Cecília Meireles intitulado Figurinhas I servirá para uma análise mais detalhada.

FIGURINHAS I

No claro jardim

a menina chora

pela borboleta

que se foi embora.

Ora, ora,ora

Não chore tanto!

Nossa Senhora!

A menina chora

no claro jardim

um choro sem fim.

Nem o céu azul

é bonito, agora,

pois a borboleta

já se foi embora.

Não chore tanto!

Nossa Senhora!

Que choro sem fim

a menina chora

no claro jardim.

Ora, ora, ora!

No texto de Cecília Meireles, aparece uma remissão quando a autora utiliza a expressão Nossa Senhora para retomar a personagem – menina. Essa remissão anafórica, do tipo ilha anáfora, permite que haja uma substituição de termo garantindo a continuação dentro da poesia, sem, no entanto, prejudicar a ideia contida no termo precedente. Observa-se, que a poesia é marcada por diversas seqüências que utilizam elementos morfológicos como a aliteração e a rima para dar beleza às suas estrofes.

A aliteração no texto marca a repetição de sons que ao serem repetidos produzem uma harmonia e garantem sequenciamento do discurso, que é marcado; pelo verbo chorar conjugado no presente do indicativo (segundo verso da segunda estrofe) e no imperativo negativo (segundo verso da segunda estrofe) esses tempos verbais permitem saber se o discurso é direto.

Essa recorrência de termos faz-se importante para a coerência do texto, porque as marcas lingüísticas deixadas na seqüência da superfície textual garantem ao leitor a compreensão daquilo que os autores tentam formular na construção da sua ideia.

Enfim, na poesia citada, as remissões usadas pela autora admitem que as recorrências de termos no texto tenham uma mesma finalidade: a correlação das ideias construídas nas sete estrofes.

Vê-se dessa maneira, que os autores vão deixando marcas ou sinais para que o texto seja coeso e se torne coerente ao leitor, prendendo com isso a sua atenção quanto aos aspectos intrínsecos e relevantes na construção do sentido.

Para que um texto possua uma conexão entre as partes é indispensável que os autores usem tanto a anáfora quanto a catáfora , pois essas amarrações deixadas são necessárias para uma boa construção textual, ou seja, com essa vinculação, os textos tornam-se fáceis de serem interpretados e comentados. A conexão das ideias consente também que o discurso usado pelo autor permite uma leitura dinâmica, a fim de prender a atenção dos leitores nos variados tipos de textos escolhidos nas leituras habituais.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta da discussão sobre a investigação da produção textual, acredita-se, foi a de colaborar, contribuir para o desenvolvimento de novas pesquisas na área da linguística. As linhas de pesquisas desta área não se esgotam devido ao interesse no aspecto da linguagem transcultural e intracultural em contexto social.

A interface leitura-produção de texto está associada aos procedimentos interdisciplinares exigidos em uma dimensão em qualquer área do conhecimento.

As polêmicas, portanto, em relação ao “tecer” um texto permanecerão fomentando experiências acadêmicas gerando interesses transformadores quanto a linguagem, suas origens e características, além, obviamente, do exercício da escrita.

REFERÊNCIAS

BUIN, Edilaine. Aquisição da Escrita: coerência e coesão. São Paulo: Contexto, 2002. (Apresentação Ingedore Villaça Koch)

CAMARA JÚNIOR, Joaquim Matoso. Manual de expressão oral e escrita. ed. 9. Petrópolis, Vozes, 1986.

KRISTEVA, Julia. História da linguagem. Signos 6. Edição 70: Lisboa, 1969.

KOCH, Ingedore Grunfield Villaça; TRAVAGLIA, Luis Carlos. Texto e Coerência. ed. 2. São Paulo: Cortez, 1993. Páginas 107.

MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. ed. 8. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Cristina. Introdução à Linguística. V. 2. ed. 4. Cortez: São Paulo, 2004.

THOMAS, Henry. A história da raça humana: através da biografia. Trad. Gilberto Miranda. Rio de Janeiro: Globo, 1983.

zemary
Enviado por zemary em 01/11/2014
Reeditado em 01/11/2014
Código do texto: T5019259
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