A EDUCAÇÃO ATRAVÉS DO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

Quem está estudando, ou já estudou, em escolas públicas, ao ouvir falar sobre o ensino de língua estrangeira (especificamente, língua inglesa) apresenta logo, uma reação de decepção, pois, presenciou o despreparo de muitos professores e uma metodologia contida, que na maioria das vezes limitava-se, apenas, a estrutura da língua. E foi justamente para mudar esta situação, que as OCEM lançam uma proposta capaz de fazer com que a escola regular, não consista apenas, no ensino linguístico e instrumental da língua estrangeira, desenvolvendo as-sim, uma função educacional, onde o estudante possa aprender os valores culturais, sociais e ideológicos, neste aprendizado.

Para que tal modificação possa ser concretizada, é necessário que os professores estejam atualizados em meios da linguagem e suas novas tecnologias e trate a língua estrangeira de maneira a trabalhar ela em sua heterogeneidade. Por isso, as OCEM destacam a importância dos conceitos de Letramentos (escrita, leitura e oralidade dialogadas entre si formando, a mente crítica e ideológica), Multiletramentos (múltiplos letramentos que envolvem uma enorme variação de mídias e se constroem de forma multissemiótica e híbrida), multimodalidade (no ensino de língua, seria usar diversos meios e mídias para facilitar-lo, tais como: apare-lho de áudio, vídeo, cartazes e etc.) e hipertexto (textos que promovem a autonomia do leitor, fazendo com que ele possa navegar em diversos textos com múltiplos temas de acordo com sua vontade).

Os olhares não devem ser voltados apenas aos professores, sabemos da grande falta de motivação que muitos alunos de escolas públicas têm em relação ao aprendizado de uma nova língua. Esta falta de interesse dificulta ainda mais o ensino que já é limitado. Como fazer, então, um aluno que mora na zona rural e na periferia, sem expectativa nenhuma de melhora de vida, ter interesse de aprender uma língua estrangeira? Inclusão e globalização! Esta é a solução, de acordo com as Orientações.

Através das tecnologias da linguagem apresentadas a cima, as OCEM mostram que é possível ensinar língua estrangeira, educar através dela, propondo assim valores e cidadania aos alunos e ao mesmo tempo incluí-los socialmente e digitalmente, pois a língua inglesa e o mundo digital (internet), hoje, integram praticamente, toda a comunicação mundial e “relevância político-econômica no movimento da globalização” (OCEM p.95). Assim, a proposta também é chamar a atenção dos alunos para a língua estudada, mostrando sua diversidade de cul-turas e abrindo-lhes os olhos para novas vidas além de suas “fronteiras”.

Depois de delimitar o que se deve fazer para a melhoria do ensino de línguas estrangei-ra no ensino médio, as OCEM mostram também qual caminho deve-se trilhar para chegar ao bom desempenho de ensino. O primeiro passo seria fazer com o que o professor abandonasse suas metodologias pedagógicas tradicionais encontradas em muitos de seus livros trabalhados em sala. Essas metodologias consistem em conceitos de homogeneidade na língua e da gramá-tica normativa, mas sabemos que é exatamente ao contrário, sendo a língua heterogenia, e é essa heterogeneidade que dar o valor social dela.

O segundo passo consiste em uma metodologia pedagógica que tenha uma abordagem comunicativa (essa, já presente nos atuais livros didáticos), onde o professor valorize a leitura, a comunicação oral e a prática escrita, buscando apresentar os conteúdos a serem trabalhados, através de temas como: cidadania, diversidade, justiça social, dependência/independência, valores, diferenças regionais/nacionais e etc. Além disso, seguir uma estrutura lógica, que seria: tipos de texto, contexto de uso, habilidades comunicativas e aspectos linguísticos. Assim seria desenvolvida a comunicação oral no programa, tendo como ponto de partida o contexto de uso e a prática escrita como letramento.

As OCEM mostram os caminhos possíveis de como educar por meio do aprendizado de língua inglesa, contextualizando a língua no meio social dos alunos, através das tecnologias linguísticas, buscando a inclusão social e digital do indivíduo. Mas antes de educar os alunos é necessário educar os professores e dar-lhes condições apropriadas de trabalho. Contudo, só para lembrar, essas orientações foram destinadas no ano de 2006, pelo Ministério da educação, para as escolas públicas de ensino médio com o objetivo de mudar o ensino de língua estrangeira. Entretanto, pelo que podemos ver, na grande maioria dessas instituições públicas até agora nada foi mudado.

BRASIL. Orientações curriculares para o ensino médio - Linguagens, códigos e suas tecnologias - LE. Brasília, MEC, 2006, p. 80-120.