A solidão é uma prisão...

Iremos todos à prisão?

Bom, todo mundo fala que os homens das cavernas se comunicavam por meio de gestos, grunhidos, posturas, gritos (quase 100% de textos que li até hoje dizem isso).

Dizem, por aí, que os homens das cavernas tinham um cérebro rudimentar – seja lá o que querem dizer com isso.

Pá! Num determinado momento... que, fico pensando aqui com meu cérebro não mais rudimentar (não sou uma mulher das cavernas... acho), não deve ter sido assim tão determinado: ontem mamãe fazia gestos e grunhidos para seus filhinhos irem direto pra cama – que não era bem uma cama... mas sim um monte de palha, uma pele macia de animal... ou sei lá – ... e hoje: mamãe gentilmente reúne em uma frase doce e organizada palavras... e... tchan... tchan... tchan... tchan: nasce a linguagem!!! “Filhinhos, hora de dormir!”.

Entende o que quero dizer? Pelos estudos de estudiosos da história da humanidade as coisas foram acontecendo lentamente... primeiro gestos... olhares... postura... gritos... grunhidos... sílabas... palavras... frases... textos completinhos, completinhos... com começo, meio e fim... bem no seus lugares certinhos.

Seria incrível se tivéssemos o registro de cada momento dado dessa evolução, você não acha?

Que bom seria ver o momento exato em que em vez do grunhido... do barulho... saiu de uma boca humana uma palavra... e que maravilhoso seria saber que palavra foi essa... a primeira palavra pronunciada na terra... eu realmente gostaria de saber... a que foi pronunciada na Lua eu sei... foi “OK”, e quem a disse foi o astronauta Buzz Aldrin (o google que me disse).

E da primeira surgiu outra e mais outra... e milhares de outras... todas criadas por cérebros nadinha rudimentares, não é!?

E me pergunto aqui: surgirão outras? Ou, do jeito que a fala da humanidade está indo... voltaremos a grunhir? Será?

Só pra não dizer que essa é uma dúvida só minha... Saramago já alertou: “Nem sequer é para mim uma tentação de neófito. Os tais 140 caracteres refletem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido” ... referindo-se ao Twitter.

E... outra pergunta que não quer calar: se o homem das cavernas, por ter um cérebro rudimentar, comunicava-se por grunhidos... o caminho que está tomando a forma de comunicação humana (é só dar uma olhadinha nas redes sociais, nas mensagens que recebemos diariamente) vai transformar nossos cérebros em cérebros rudimentares novamente?

... e nos tornaremos eternos prisioneiros da solidão?