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"LINGUAS ANATOLIANAS!"

As línguas anatólias (também conhecidas como anatólicas ou anatolianas) são línguas indo-europeias outrora faladas na península da Anatólia, parte da atual Turquia. Atualmente, todas as línguas anatólias estão extintas, dentre elas, a língua melhor atestada é a língua hitita.
Origens
O ramo anatólio é geralmente considerado o mais antigo a se separar da língua proto-indo-europeia, a partir de um estágio também conhecido como indo-hitita, ou "proto-indo-europeu médio" e tipicamente presume-se que tenha ocorrido na metade do quarto milênio a.C..

De acordo com a hipótese Kurgan ou estépica, há duas possibilidades de quando os falantes de anatólio poderiam ter alcançado a Anatólia: a partir do norte via Cáucaso, e a partir do oeste, via Balcãs

No entanto, há outros linguistas, filólogos e arqueólogos, tais como Colin Renfrew e Allan Bomhard, que levam a hipótese duma terra de origem (Urheimat) para o proto-indo-europeu na península da Anatólia, pelo que naturalmente não presumem qualquer migração.

Há ainda um outro modelo que presume uma terra natal armênia, e teorizam uma migração direta a partir do leste, com a rota dos Balcãs sendo considerada de certa forma mais provável por Steiner (1990).

Características
A morfologia hitita e de outras línguas anatólicas é menos complicada do que outras línguas indo-europeias antigas registadas por escrito, mas, apesar disso, compartilham muitas semelhanças com o latim, o grego clássico, o sânscrito, o avéstico e o persa antigo. Tal característica pode ser interpretada ou como um arcaísmo ou como uma inovação, assim, algumas características indo-europeias ou desapareceram nas línguas anatólicas ou as outras línguas de outros ramos indo-europeus inovaram. Estas línguas contêm vários arcaísmos de grande importância.

Vocabulário
O vocabulário das línguas anatólicas era claramente indo-europeu e tinha uma morfologia e fonética mais arcaicos do que em relação a outros ramos. Por exemplo, em luvita ou lúvio o vocábulo para "ovelha" era hawi (conf. latim ovis) pelo que manteve um som laríngeo gutural que foi perdido pelas línguas de outros ramos indo-europeus. Outro exemplo é hanta ("ante", "diante"), que também manteve um som laríngeo gutural (conf. hipótese laríngea de Ferdinand de Saussure). Também há vocábulos para termos semelhantes que são cognatos com outros ramos, caso do hitita, mu (monte), parku (lugar alto) e kur (montanha) que são, respetivamente, cognatos com o latim mons/montem (monte), com o germano berg (montanha), com o eslavo gora (montanha), e talvez com o grego oros (montanha). Tal tem sido interpretado como um arcaísmo (para além da morfologia ser foneticamente mais antiga, ex: p > b; k > g; a > e) pois são vocábulos cognatos com vários ramos linguísticos indo-europeus que estão presentes nas línguas anatólicas mas que não existem com tanta diversidade em outros ramos.

As línguas anatólicas também têm empréstimos de vocabulário de outras línguas quer indo-europeias quer não indo-europeias. Esses empréstimos são sobretudo de hatita (não confundir com o hitita ou nesita) e de hurrita, mas são em pequeno número e sobretudo referentes a termos especializados, caso, por exemplo, de libações e de teónimos, nomes de deuses e de deusas integrados no panteão dos povos anatólicos indo-europeus, tais como Texupe/Texube (um deus originalmente adorado pelos hurritas); a palavra hitita (nesita) para "trono" era de origem hatita.


Referência:
G. Steiner, The immigration of the first Indo-Europeans into Anatolia reconsidered, JIES 18 (1990), 185–214
Maria Augusta da Silva Caliari
Enviado por Maria Augusta da Silva Caliari em 13/10/2018
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