Um viajor e Zumira Pariu (Dois contos)

“UM VIAJADOR”

Carlos Silva

Eu fundei o pizeiro na istrada, torei nos peito oito léguas de pueira vi os oios sintupir de pó, na secura da andança aprumada.

A lunjura sisticava a cada gleba vencida das trupessagens dos passos que pur veis pensei que iam fartar. Eita, inté pensá cansa.

Ôio de mancambira, rizina de cajuero, bunda de tanajura e inté calango assado eu cumi, modi num fartar de veis o mastigo.

Coisa ruim é fome dada pelo distino sem a gente pidir, quando aprumamos o pau da venta cuma si tivesse sem rumo no aprumar dos sintidos in busca de coisas mió.

Coisas mió? Hum! O que de mió insiste se nada que preste a vida mim deu?

Oxi, isso é dizaprumagem di pensamento véio besta, tulice di disviu di mente que acho inté que dêva sê coisa do só felveno o juízo da gente, mexeno nos miolos pur dento Cuma si quisesse cunzinhar. Eita quentura do istopô calango Russo.

Sigui in busca de quê nem sei. E se subesse, a gota dizia a ninguém não eu, pois afiná nem sei o rumo certo pondi vô, se nem certo é os cacos de minha vida que carrego na enfeitagem do meu corpo véio cansado presenciador de tanta coisa nesse mundaréu.

Datado de 15/10/2018

ZUMIRA PARIU

Zumira pariuuuuuuuu.

Eita. Sorta fuguete papoca aligria avisa a chegança.

Tia Zefa partêra já aparou pa mar de 50 minino e minina aqui nesse bangalô perdido no meio do tempo, onde até o tempo ja perdeu a conta de si contá.

Cachimbo na boca, de cabo cumprido, umas foias de arruda pindurada na zureias e uma quartinha num sei se é de Milome, de quina quina ou de caçutinga, qui fazia parte do seu ritual.

A véia sabia das coisas.

Dizem que Zumira gritou tanto e deu muito trabaio de sortar a cria, que quando o mínino gritô anunciando a sua chegança, tia Zefa já tava Bêba caída num canto e a garrafa vazia, mas cumpriu de novo seu papé de aparadora de minino.

É minino, é menino, sacode os foguetes pa riba – gritava Genaro cun os zoios nebrinado pelo pifão que já tinha tumado. O bicho socava uma cana impurrada, inda mais agora que ele tava filiz, pois era o nascimento do seu fio numuro 12.

Eita pêga, uma dúzia de fio.

E é tudo Homi é?

Não! Formô agora mêa duza macho, e mêa duza fema.

Zumira é paridera, das ancas larga e gosta dimais de tê minino. Genaro diz que todo dia percura pur ela simbolam na camarinha com vontade.

Eita povo disposto da gota, todo ano pula um de dento pá fora desse mundareu ingrato.

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 03/09/2019
Reeditado em 23/01/2023
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