Noroeste Argentino, Salar de Uyuni e Deserto do Atacama (Argentina, Bolívia e Chile) 2023 - resenha de viagem

Passeamos pela Argentina, Bolívia e Chile! Uma expedição pelos terrenos áridos de altitude nesses três países! Visitamos o Cierro de los Siete Colores, o Salar de Uyuni e o Deserto do Atacama! Lugares de uma beleza diferente e quase incrível! Estivemos em um grupo de excursão muito querido de 14 pessoas.

Na Argentina, visitamos Salta, "La Linda", cidade grande e realmente linda, que mantém um charme nos seus prédios, que rememora a época colonial. Partindo de Salta, fizemos um percurso de ônibus até o famoso Tren a las Nubes, um passeio de uma horinha e pouco desde o povoado de San Antonio de los Cobres, a uma altitude de 3.775 metros sobre o nível do mar, até o Viaduto La Polvorilla, em seus 4.220 m.s.n.m. Uma experiência adorável de contemplação da paisagem seca e montanhosa, ao mesmo tempo em que nos aclimatamos às exigências da altitude. Respirar fundo, beber muita água, fazer movimentos suaves, fazer refeições leves... e apreciar a vista!

Salta "La Linda" também foi o ponto de partida para a visita ao inconcebível "astonishing" Cerro de los Siete Colores, a 2.333 m.s.n.m. Ao longo de todo o trajeto, em ótimas estradas argentinas, diversos cerros multicores puderam ser vistos. E este de sete cores é realmente o destaque, com suas faixas de terreno cinzas, amarelas, laranjas, rosas, vermelhas, roxas, até azuis! Uma visão realmente impressionante!, de se pensar "como foi possível?" essa formação, e se encantar com as explicações geológicas de um processo de milhões de anos.

Impressionantes também são os cardones, ou cactus gigantes, de até quatro ou cinco metros, e bem gordinhos de polpa e umidade para essa forma de vida vingar no terreno e clima árido. Contam os guias que, em períodos históricos de batalhas, os cardones do alto das montanhas foram "vestidos" com poncho e chapéu, passando a firme impressão de um exército em posição de defesa dos cerros desta parte do mundo. O "exército de cardones". :)

Bancamos os turistas ao posar (e subir!) no marco de altitude 4.170 m.s.n.m. em Jujuy. Ganhamos de brinde uma tonturinha de boas-vindas do soroche, um sustinho que nos chamou a atenção para manter a concentração na respiração e na água e nos demais cuidados. Outro lugar maravilhoso e impressionante foram as Salinas Grandes, uma das sete maravilhas argentinas, a 3.450 m.s.n.m. Ficamos maravilhados com aquela imensidão plana de sal! Fizemos fotos em perspectiva, brincamos com a geometria da coisa, experimentamos o sabor do chão! Sim, salgado. hehehe. No povoado de Purmamarca, conhecemos umas dez variedades de papas, além de sal temperado das próprias salinas e próprio para cozinhar. Experimentamos salami de llama e charqui de llama, além de queijo de cabra, todos muito saborosos! Chegamos então à simpática Jujuy, a 1.259 m.s.n.m. onde fiquei impressionada com a Biblioteca Popular repleta de jovens e adultos, lendo ou ouvindo palestra (talvez um lançamento de livro) aberta até altas horas da noite, como os restaurantes da cidade.

Na Bolívia, ingressamos de maneira tosca, a pé, por uma ponte, fizemos os trâmites da imigração e do câmbio, e seguimos em jipes até Tupiza, uma pequena cidade a 2.850 m.s.n.m., em que curtimos e apreciamos a posição do hotel bem diante das montanhas. Nas não-muito-boas estradas bolivianas, apreciamos as formações rochosas de diferentes formatos, alguns vales verdes, e depois somente áreas áridas. Chegamos ao Salar de Uyuni, a 3.665 m.s.n.m., o maior salar do mundo, com mais de 12 mil quilômetros quadrados! Visitamos a praça das bandeiras de todo o mundo, o primeiro hotel construído de pedra de sal, o marco da edição do rali Dakar realizada ali há alguns anos. Ficamos hospedados no hotel Palácio de Sal, um cinco estrelas feito totalmente de sal, nas bordas do salar, a 3.700 m.s.n.m. Incrível! Assistimos o pôr-do-Sol em uma área alagada do salar, onde pudemos fazer fotos lindíssimas com reflexos na água que cobria o sal. Um friozão e um vento gelado foram quase afastados pelo tratamento VIP dos guias receptivos, que providencaram vinho e uns salgadinhos para apreciarmos o entardecer.

Visitamos o inusitado Cementério de Trenes, em Uyuni, a 3.669 m.s.n.m. Brincamos e nos supreendemos com a sucata ferroviária reunida nesse local. Formações rochosas de diferentes formatos pudemos ver no Valle de las Rocas, no caminho das estradas que cortam a região árida da Bolívia. Vimos inúmeras vicunhas na Bolívia. Surpreendente a "Árbol de Piedra", uma formação esculpida pelo vento que, ao olhar, não se entende como permanece "de pé" a 3.700 m.s.n.m. Vimos encantadoras lagunas altiplánicas, algumas solitárias, e outras repletas de vida selvagem, em paisagens incríveis rodeadas de montanhas e nevados. A Laguna Colorada e, especialmente, a Laguna Verde, com suas águas termais, encantaram nossa visão, a 4.350 m.s.n.m. Vimos ainda o gêiser "Sol de Mañana" com sua fumaceira sulfurosa. Todo esse trajeto na Bolívia não foi fácil para nossos organismos. Sofremos os dissabores da altitude, com cansaço, taquicardia, princípio de falta de ar, tonturinhas, dor de cabeça e outros sintomas. Agimos como cosmonautas, fazendo movimentos suaves, bebemos muita água e respiramos profundamente.

No Chile, voltamos para a muito confortável altitude de apenas 2.300 m.s.n.m. na cidadezinha de San Pedro do Atacama, o lugar mais turístico do mundo. Visitamos o caminho inca que passa pelo Trópico de Capricórnio (latitude 23°26'16''). Fizemos lindas fotos nas belas carreteras infinitas que se vão às montanhas. UAU! As montanhas no Chile têm um aspecto nevado que dá um charme tão aconchegante, que dá vontade de fotografar cada ângulo que se vê da estrada. Aliás, na estrada mesmo também vimos lhamas, os camelídeos parentes daqueles da Argentina e da Bolívia. A Laguna Miscanti merece uma menção a parte. Que lugar lindo! Está a 4.200 m.s.n.m., e os guias nos conduziram por um trajeto em que tivemos que subir uma elevaçãozinha (respirando profundamente e bebendo muita água), para então chegar ao pequeno topo e ver essa laguna a partir de cima. Que espetáculo! Acredito que foi o lugar mais bonito que vimos nesta excursão! Sem vento nenhum no momento, uma raridade, vimos nas suas águas calmíssimas os reflexos das montanhas nevadas que a rodeiam. Coisa mais linda!

A Laguna Miniques, próxima dali, também ofereceu uma bela paisagem. E a Laguna Chaxa, a 2.300 m.s.n.m., nos surpreendeu por seus flamingos e sua composição sulfurosa, que torna o solo pedregoso ao mesmo tempo que fedorento. heheheh. Visitamos o Valle de la Luna, região árida, com dunas de areia e paredões de rocha marrom e alaranjada, que, dizem os prospectos, "lembra a Lua". Vimos o Salar do Atacama, em que o sal se sobrepõe ao solo, em uma mistura de branco e ocre que esfarela e mostra formações rochosas peculiares como as chamadas "Tres Marias" (que exigem muita imaginação para enxergar formas femininas)... Vimos de longe os impressionantes vulcões Licancabur, de 5.916m, que faz divisa Chile-Bolívia, e Cerro Toco, de 5.604 m, já com o topo explodido.

Assistimos o pôr-do-Sol no Valle de Marte, a 2.500 m.s.n.m., que "lembra Marte" quando o Sol vai baixando, e os desfiladeiros de formas rochosas que vemos do alto vão se tingindo de alaranjados cada vez mais avermelhados. E o último atrativo da viagem foi o Tour Astronômico, em que pudemos ver no telescópio a Lua, as estrelas Antares (amarelada) e Sirius (hiperbrilhante!) e a constelação do Escorpião, além do Espaço Profundo! Fomos brindados com vinho e salgadinhos, e conhecemos mitos astronômicos dos povos originários andinos e ganhamos uma foto astronômica de recordação dessa nossa experiência encantadora de observação das estrelas.

Essa expedição foi certamente memorável, pois jamais vamos esquecer dessa experiência nas alturas! As paisagens geológicas que vimos, os sabores que experimentamos, as canções, histórias e mitos que aprendemos, tudo isso já compõe a nossa lembrança deste passeio por Argentina-Bolívia-Chile, pelo Salar de Uyuni e pelo Deserto do Atacama. Marcante!

MALANOVICZ, Aline Vieira. "Noroeste Argentino, Salar de Uyuni e Deserto do Atacama (Argentina, Bolívia e Chile) 2023 - resenha de viagem". Porto Alegre, 2 maio 2023. Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/publicacoes/index.php#