Viver Vale a Pena

Eu, sinceramente não sei onde estava enquanto o tempo passava. Suponho que estava em modo automático. Os amigos de infância e adolescência, cada um a seu tempo , seguiu seu destino. Alguns ainda tenho contato, outros foram se perdendo ao longo do caminho. Hora ou outra encontro um sobrenome familiar e, ao vasculhar as redes sociais percebo que pai, mãe ou tio fez parte de um pedaço importante da a minha vida. Compartilharei aqui algumas belas lembranças que me fazem refletir sobre o tempo e como ele é veloz .O quanto nos perdemos , o quanto aprendemos ou não e o quanto ainda temos para viver!

Tenho nítida em minha mente uma cena que jamais vou esquecer.. . Meu pai me levou com ele em um dia de trabalho, quando morávamos no Paraná, não sei o nome do lugar , mas era uma fazenda .

Foi lá pude ter a oportunidade de conhecer o brilho dourado dei um trigal maduro, o sol espalhando um dourado sem igual por toda extensão do plantio. Creio que deveria ter uns cinco ou seis anos de idade. Não mais que isto!

Outra cena viva em minha mente é dos meus tios Osni e Tio Miro, como os amos!!!!! É sobrenatural o amor que sinto por eles.

Vejo – me sobre os ombros do Tio Osni E O tio Miro catando pequenas flores para eu experimentar o sabor do mel de uma pequena flor. Era uma grande aventura.

Vejo o tio Miro saindo vender os doces que minha mãe fazia. Acho que era cocada !

Recordo me quando ia nas férias para a casa do tio Adolfo , minha mãe costurando e eu aprendendo com a Tia Noêmia lavar roupas, sinto o cheiro da água, a cor da água .Vejo a esfregando, depois batendo as toalhas com força no batedor do tanque e mostrando a cor que a água deveria ficar depois que as roupas estivessem devidamente enxaguadas .E por fim as roupas sendo estendidas ao sol.

Recordo me quando eu e as meninas íamos bater leite para fazer manteiga. Não era tarefa fácil mas era uma festa ver o leite se transformando.

Vejo desfilar na memória a Vó Guida molhando as flores , tarde da noite porque no outro dia estaria novamente no mercado municipal. Lembro de seu fogão e de sua mesa vermelha com pequenos pontinhos dourados...era lindo!

Vejo me no quarto do tio Osni ouvindo a musica que fluía de sua vitrola tocando as músicas que ainda hoje ouço. E o Vô Celso gritando pra gente diminuir o som

Lembro da minha Bisa Maria surdinha de tudo jogando dominó com o Biso na casa de meus avós em Campo Mourão.

E o dia que alguém acabou colocando fogo na cama... foi uma correria para apagar.kkkk

Vejo o Vô Celso trabalhando , bem velhinho, vestido a rigor com seu de terno e fumando seu cigarro, na loja ao lado do seu Oronisio.

No inicio da adolescência, me recordo da Casa da Dona Maria Balestieri. Era uma casa linda, ampla moderna e na sala um lindo piano.

Recordo me da Teise tocando piano na sala e eu apaixonada ao ver seus dedos percorrerem o teclado tocando ” naquela mesa tá faltando ele”.

Lembro me que o Adalberto o Gedro foi um de seus alunos ,enquanto ele fazia aula eu espiava ela dando aulas. Amava ouvir aquele som ecoando na varanda, mas como meus pais não tinham como pagar as aulas eu aproveitava para fazer as tarefas escolares com a Yhose apenas para poder ouvir.

Mais tarde, as peças teatrais que montávamos sem nenhuma estrutura financeira apenas com a cara e a coragem, Eu, Ana Cristina, Verônica , Carla, José Luiz e tanto outros. E nesta ocasião eu já levava meus filhos para aprenderem um pouco sobre arte.

Não que eles gostassem! bem que tentei mas as aulas de teclado e violão não foi a melhor opção para eles.

Mesmo assim insistia, Adalberto, Vaner, Maisa, Pinheiro e eu tivemos a ousadia de levar para a praça da cidade o piano do Adalberto para um Sarau que fizemos com o apoio da prefeitura e depois disso mais alguns outros momentos onde a arte e a cultura era a prioridade .

Mas a vida é um movimento , e como tal cada um seguiu sua trajetória , foi ai neste exato momento que o motor que movimenta o tempo entrou em ação e seu nome é TECNOLOGIA

Com ela mantemos nossa redes interligadas , mas ao mesmo tempo anos luz de distância, pouco ou nada sabemos dos tios, primos,parentes e amigos. Hoje essa coisa de passar férias na casa de alguém não rola! Música, teatro, poesia...será???

Meu tempo é agora, mas minhas memórias serão eternas porque tenho as palavras para guardar a beleza da vida!

lisbella
Enviado por lisbella em 02/10/2023
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