Meu Universo

Nunca fui bom com a palavra escrita, mas vou tentar, nessas linhas, falar um pouco da trajetória de minha vida.

Desde criança, a sorte não me foi um privilégio. A vida difícil que levávamos ( meus pais, eu e meus irmãos ), não nos proporcionava momentos de lazer e alegrias. Às vezes, chegava a faltar até alimento. Meu pai era viciado em jogo de cartas e o pouco que ganhava com seu trabalho, quase sempre tomava outros rumos, sem retorno. Isso dificultava mais ainda nossa luta pela sobrevivência. Mas o trem da vida precisava seguir em frente!

Ainda cedo, com onze anos de idade, consegui meu primeiro emprego: trabalhava nas lavouras de alho transportando capim para a cobertura dos canteiros. Ganhava a metade do salário dos adultos, mas já era alguma coisa. Todo fim de semana era sempre igual: recebia o pagamento e entregava nas mãos de minha mãe. Era com esse dinheiro que ela, milagrosamente, completava o orçamento das compras de alimento. É claro que às vezes não era suficiente e dormíamos com fome. Coitada de minha mãe, não era culpa dela! Mas o comboio do destino seguia célere, sempre em frente e, a cada estação, novas peripécias nos esperavam.

Na adolescência não foi diferente, mas a vida já não era tão dura. Meus irmãos cresceram e também já ajudavam nas finanças. Aprendi a profissão de pedreiro e ganhava um pouco melhor.

Minha mãe, embora fosse semianalfabeta, sempre nos incentivou a estudar. Trabalhávamos durante o dia e, à noite, escola. E foi na escola que conheci uma pessoa muito importante na minha vida, minha esposa Dulcinéia. Mas essa é uma nova fase da vida que falarei outro dia, por hoje chega.

... A vontade de escrever é muita, mas as palavras não me vêm à mente. Quero retomar o texto a partir de onde parei, mas há um vazio em meus pensamentos. Hoje estou triste! Não sei se devo falar disso ( das minhas tristezas )... Ah,... deixa quieto!

Como estava dizendo, na escola conheci uma pessoa especial. Era uma professora novata, muito bonita. Ela passava em direção à sala de aula e eu ficava ali, só observando , admirando aquela menina que fazia meu coração bater mais forte. Era meu amor secreto! Mas nossos mundos eram diferentes, ela jamais me enxergaria... Engano meu!!!

Um dia, quem diria, ela foi ser a minha professora. Ah, me senti no paraíso! Só de tê-la ali, pertinho de mim, me deixava feliz. Como era bom ir para a escola naqueles dias! Aos poucos, fui me aproximando dela e, quando vimos, já estávamos namorando... Ela também gostava de mim. O tempo passou, marcamos o casamento para o fim do ano. Foi um momento importante e feliz para mim e, ao mesmo tempo, preocupante, pois a nossa união significava a ruptura da corrente que me unia aos meus familiares. Eles precisavam de mim, mas a voz do coração falou mais forte. Eu tinha que formar a minha própria família!

Passaram-se os dias, vieram os filhos e com eles, novos desafios. Nesta viagem da vida, os percalços não foram poucos, mas agora a vontade de vencer é maior, afinal, encaminhar os filhos nas trilhas do bem, conduzindo-os nos passos do nosso Criador, é um estímulo prazeroso.

Hoje, a felicidade está instaurada em nossa família. Com a chegada dos netos, o gosto pela vida se tornou maior. É um momento insólito! Entretanto, sinto que meu trem viajante começa uma descida desembestada rumo à minha estação de parada. Mas isso não me amedronta, haja vista que, para mim, esta estação é apenas uma passagem para o embarque em um novo vagão para um novo plano da vida que segue! O sentimento do dever cumprido me fortalece e me dá a certeza de que Deus sempre estará comigo, onde quer que seja. Desta vida nada se leva, mas se pode deixar alguma coisa. Assim, espero que meus versos alcancem novos horizontes e que novos olhos se deleitem com meus escritos! Bilhete nas mãos, sorte para mim!!!

Ranon Machado
Enviado por Ranon Machado em 11/02/2024
Reeditado em 13/02/2024
Código do texto: T7997027
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