Tenho uma amigo querido (Oscar) de longa data. Tempos atrás eu o visitei. Sentamos ao redor de uma mesa na varanda de seu apartamento e o papo rolou por horas. Em determinado momento começou a relatar o encontro com Mariana, sua namorada. E ia contando como a conheceu, em que momento difícil de fim de um casamento de anos, com três filhas, e do relacionamento posterior com uma mulher que ele sabe, é sua chama-gêmea, mas que não quis mais continuar a relação para ficar com amor da época de adolescente. Ia colocando como Mariana o conquistou, seu jeito sincero de ser, sua alegria, a forma como se veste, como é, as conversas. Em um determinado momento relembramos quando nos conhecemos e compartilhei um pouco de minha trajetória também de fim de um relacionamento que perdurara desde os meus 18 anos. E a conversa girava de um para o outro. Lembro que num determinado momento eu falei dele: ... e agora me falas da Mariana que surge em tua vida e toma conta de todos os espaços de teu coração. Eu ainda não a conhecia, mas podia sentir o amor em sua pele, na forma como ele falava dela... Quando fiz esse comentário ele silenciou e seus olhos se ergueram para um ponto invisível no ar à sua frente e ele disse; sim, então surgiu a Mariana e ela é... [silêncio profundo]... eu a amo... [silêncio absoluto, profundo, quase sem respirar]... e, olhos perdidos no infinito em que ela habitava, marejados pela emoção, sem nem mais me ver, perceber que estava ali ele disse: e ela é tudo!

 

Voltei para casa e então lhe escrevi agradecendo a acolhida e disse que o momento mais impactante foi aquele. E que eu queria que um dia alguém olhasse o infinito com aqueles olhos perdidos e sonhosos e dissesse de mim: ela é tudo!