Vivendo a vida

Atualmente vivo não vendo o tempo passar.

Deixo o sol tocar meu rosto, sinto meus pés descalços

peregrino pelas ruas, orlas, becos, avenidas,

desfrutando todos os gostos e perfumes do mundo.

Percebo os valores das coisas, observo os seres irracionais,

vejo que eles também podem perceber o existir,

isso num fôlego intuitivo, mesmo que incontido,

e funciona como em nós, os humanos.

Vivo agora um construir de palavras poéticas,

construção ordenada em versos, ora racionais, ora surreais,

não obrigatoriamente num emitir de sons

nem num gestual rítmico de mãos ou corporais.

Nunca fui de grandes sorrisos, mas me permito rir de quase tudo,

quanto mais agora nessa vida de liberdade, de preguiça.

Hoje acordo sem ter que ir pra algum lugar.

Me dou o luxo de conversar comigo mesmo

me abraçando com quem eu era, com quem eu fui.

Se agora não preciso dizer pra que vinho,

não preciso dizer também pra onde vou.

Só sei que vivo num deambular de passos confortáveis

e quem sabe isso não represente um exponencial recomeço...