Na madrugada

A noite estava agradável havia chovido... chuvas por estas bandas eram raras e sempre tão esperadas...

O dia tinha sido bem intenso, no trabalho precisava ajustar-se, dialogar com todos, para que paira-se sobre o ambiente a boa convivência... os últimos dias tinha lhes exigido muito calma, paciência, mas havia por fim conseguido!

Também no lar precisava dedicar-se um pouco mais... a família sempre fora sua base. Mas, por dificuldades financeiras, os comportamentos ficaram abalados e agora com uma enfermidade na vida de um dos entes amados, precisava driblar o choro, a preocupação, para que tudo permanecesse em equilíbrio...

Não estava sendo fácil mas, a vida lhe ensinou desde muito cedo a ser forte e não desanimar...

Consultou o relógio, e o mesmo lhe mostrou que já estava adentrando a madrugada... na madrugada por vezes conseguia achar forças para continuar prosseguindo...

Mas, até está madrugada estava lhes sendo atípica... sabia que mais uma vez o sono se dissipava e dava lugar a insônia... precisava descansar, o dia que em breve deixaria o sol lhe roubar a penumbra, teria uma agenda cheia...

Pensamentos lhes brotavam à mente a todo instante... lembrou-se das pessoas que partiram e no mundo agora jaziam os seus sonhos... Foram-se e lhes deixará tantas saudades... os olhos marejaram...

Nessas questões ainda se sentia um tanto inseguro, mas era preciso prosseguir mesmo com o peito apertado...

Lembrou-se dos amigos(as), que o tempo de deixa-se ficar, estava cada vez mais raros, cada um agora tinham outras prioridades. Mas, pensava uma forma de poder reuni- los...quem sabe no dia do seu aniversário, que se aproximava?

Mas, o que lhe causou lágrimas aos olhos foi lembrar-se de alguém que não estava ali ao seu lado, talvez pelo o orgulho de ambos, por não ter aberto mão de suas razões...

Pensou em ligar... mas, o horário fez mais uma vez mudar de ideia. Quantas coisas sonharam juntos... a viagem que ficou só nos planos, o gosto de observar o nascer e o pôr do sol daquele ponto privilegiado, o jantar naquele restaurante...

Deixaram de viver bons momentos e agora sabia que lhes restavam bem menos tempo mas, como estavam distantes e cada um com suas próprias razões... o tempo eram-lhes incerto!

Naquele momento bastava- lhe um abraço...

Vivemos perdendo tanto tempo com o orgulho, e correndo atrás de coisas que não trouxemos ao nascermos e nada levaremos ao morrermos...

Entre um e outro esquecemos de que para irmos bem nas lições de casa, precisamos abrir mão do orgulho...

O orgulho te impede de ter boas conversas, boas viagens, bons abraços e um bom sono e um descanso necessidades ao corpo na madrugada...

Não espere a doença, a distância e ainda uma perca física, para abrir mão do orgulho... na maioria das vezes é ele que impede grandes reencontros, boa convivência, abraços apertados e grandes amores!

Ana Lúcia Saturnino
Enviado por Ana Lúcia Saturnino em 08/12/2018
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