Onde está a esperança?

Sim! Muita vontade de por um fim a tudo. Cansada de todo dia acordar e recalcular o que tenho, o que quero ter e o que não posso ter. Saturada de a cada vez que tento fazer algo, haver mais chances de falhas do que de sucesso. Encontrada em um estado além do limite de culpa. E tudo isso são verdade. Entretanto, não são as únicas.

Meus dias são normais, como de muitos por ai. Sobressaem-se os momentos ruins constantes acima de momentos bons. Porém, essa culpa é de outros, pois nos cobram sucessos dos quais eles mesmo não possuem. E fica em evidência uma insuficiência desnecessária que diga respeito a nós.

Esse hábito ruim de reclamar me retira as lembranças dos doces e breves momentos que me interessam. O riso de minha filha ao pega-la no colo. O apoiar daqueles únicos dois sujeitos que sempre que mando mensagem, me respondem. Da colega de serviço que leva um lanche e uma porção extra para dividir comigo. De alguns que raramente aparecem em casa de surpresa trazendo uma festa e dizendo que minha casa é a mais hospitaleira. Do comerciante que sempre deixa para lá alguns trocos em falta e me deixa ir para casa com aquele extra do que eu estava a comprar. Da ligaçã de meus parentes perguntando como andam as coisas por se preocuparem. E tantos detalhes positivos que não brilham tanto quanto deveriam.

Acho eu que não deveria ser assim, mas é. A dor é real, eu sei. Se expande por todo o corpo, por toda a vida. Porém, será que é só dor mesmo? Será que não existem coisas que também valham tanta atenção? Será que o que nos cobram é realmente o que queremos fazer e sentir?

Clara Nuvens
Enviado por Clara Nuvens em 25/06/2019
Código do texto: T6681425
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