A ofensa, o ofensor, a outra face.

É comum ver que quem exagera a importância das coisas, quem faz de um argueiro um cavaleiro, quem promete mundos e fundos, ou, aquele que quer ser mais realista que o rei, mais papista que o papa ou faz em tudo um grande estardalhaço ; exagera! Se avulta para que não o percebam em sua pequenez. Faz da vida, então, um cavalo de batalha, não se retrata, não muda sua postura, e , dessa, maneira, provoca os ressentimentos, as mágoas.

O problema é que ao ressentir-se ; ao carregar a angústia ou mágoa ocasionada por uma ofensa, por uma desfeita, por um mal causado por uma outra pessoa; passa o rancoroso ofendido a ser perseguido por carregar consigo os seus ressentimentos.

Não faltará intermediários " bem intencionados " , prontos para aconselhá-lo a livrar-se de tais sentimentos.

Mas, a mágoa não é algo que alguém dissolve sozinho. Por mais que você se esforce, é difícil. Sem a contribuição, ainda, que, pequena, da outra parte envolvida, fica difícil. Aliás, quem não se livrou da mágoa, ainda, guarda o que recebeu em um, determinado, instante, exatamente, porque os instantes seguintes não trouxeram os gestos ou as palavras de arrependimento, o que permitiria a reparação desse sentimento guardado

Por vezes, para atingirmos esse objetivo, precisamos da ajuda de alguém , porém, melhor, seria, se esta questão fosse tratada, diretamente, sem a intermediação de ninguém ; pois, dessa, forma, o ofendido e o ofensor, juntos, com certeza, repactuariam a relação.

Mas, por via de regra, o que, geralmente, acontece, é que, alguém próximo, às vezes, por conveniência, descabidamente , sem respeito às emoções e aos sentimentos que envolveu a desavença , afasta os envolvidos do real propósito que é a busca pelo perdão. A pena do ofensor, nesse, caso, seria o pedido de retratação em respeito ao ofendido, mas, na maioria das vezes, em nome da paz é o ofendido quem facilita, as coisas, e, põe fim à contenda.

A mágoa, o ressentimento causado por uma ofensa, pode provocar a animosidade, o azedume, o desprazer do reencontro com o ofensor. Isso é natural, devemos, então , todos nós , evitar as ofensas para que nos afastemos de tais emoções e sentimentos.

Havemos de considerar que pessoas incompatíveis não se tratam bem, geram conflitos, constantes, desgastantes e destrutivos. Entre pessoas incompatíveis não haverá empatia e será uma relação de sacrifícios. Não se trata, apenas, de pequenas diferenças de personalidades.

Não podemos saber o que se passa debaixo da pele de alguém que sofre com uma ofensa recebida.

Não podemos medir, mensurar, o tamanho do estrago. Ainda que com boas intenções, é até plausível, que se tente intermediar, negociar a paz, mas, não é sensato, em algumas situações; não, sem, antes, consultar o ofendido, para preservá-lo e não aumentar o estrago.

Só com o tempo. Às vezes, nem ele resolve.

A mágoa é como um nódulo. Pode ser maligno ou não…..

Quando o ofensor desconsiderou o ofendido, e, consciente de sua ofensa, nada fez ou faz para promover, a devida, retratação, talvez, tal, desconsideração seja o resultado do despeito com o ofendido.

Nesse, caso, trata-se de algo maligno, não há entre nós quem possa intermediar, só Deus! E como precisamos vibrar, mas no bem! Não podemos deixar de pensar no bem, sob pena de vibrar no mal que, por descuido de falta de fé, venhamos a desejar aos que nos tenham ofendido.

Para que as mágoas que, aqui, foram comparadas a nódulos, não se tornem malignas, deixemos as ofensas e os ofensores de lado, se necessário for, para que continuemos nossa jornada no bem.

Saiba que sempre existirá um alguém que busca a sua outra face, sem que antes lhe pergunte se você é forte o bastante para continuar o que a desconsideração , o desdém interrompeu um dia.

Saiba que esse alguém está lhe subtraindo o direito de se retirar, ante, uma ofensa recebida.

Saiba que feliz é aquele que pode seguir sem olhar para trás ; e, infeliz é aquele que não pôde e não pode fazer o mesmo… por essa razão, haverá de buscar, então, a sua outra face por todos os meios, lícitos ou não.

Saiba que se a desconsideração, o desrespeito e o desdém, motiva a ofensa ; a consideração, o respeito e o apreço, motiva, e, sempre , motivará o perdão.

Vire a outra face, mas, não sem os indícios de que valerá a pena, só por prudência.

Jorge Santana
Enviado por Jorge Santana em 10/09/2020
Reeditado em 11/09/2020
Código do texto: T7060064
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