Mais que palavras

Mais que palavras...

Não há dúvidas que um eloquente discurso ou uma bela poesia tem a capacidade de mudar vidas, emocionar corações e transformar situações.

As palavras bem colocadas, sejam faladas ou escritas, quando usadas com coerência, inteligência e sentimento tem poder de arrancar lágrimas dos olhos ou suscitar no pensamento de outrem a conclusão para apenas dizer: ele está certo. Falou tudo o que eu queria e não tive a capacidade para descrever.

Deveras, as palavras têm o poder de dar ou tirar vidas. Uma ordem ou discurso de um líder com poder de influência, pode trazer consequências desastrosas para a sociedade, assim como ajudar a humanidade. Não é a toa que os maiores sanguinários e corruptos da história tinha (ou ainda possuem) a capacidade de persuadir um número incalculável de incautos.

De outra banda, há também aqueles que usam o discurso para o bem, que a contrario sensu, edificam e alimentam as vidas de pessoas mundo a fora.

Quando traço este paralelo, duas pessoas com posicionamentos diametralmente opostos surgem à minha mente: De um lado, Hitler. Do outro, Jesus.

Fácil percebermos hoje a enorme diferença entre ambos. Como sabido, o primeiro foi o principal instrumento para ceifar milhares de vidas. Por seu turno, o Mestre do amor entregou a própria vida para salvar um número sem fim de pessoas.

Na atualidade e com as informações que dispomos, compreendemos a singularidades entre ambos, notadamente porque o decurso do tempo e as consequências históricas nos convence da obviedade ululante.

Talvez aqueles que viveram naqueles históricos tempos, muito provavelmente não sabiam a dimensão de sua aprovação ou desaprovação para as atitudes, ideias e posicionamentos defendidos por tais personalidades.

De um lado Jesus, absolutamente incompreendido e perseguido por seus contemporâneos. Lado adverso, o icônico ditador austríaco, idolatrado por uma gigantesca gama de admiradores. Seu poder de persuasão faziam as pessoas segui-lo cega e erroneamente, dando-lhe amparo para, direta ou indiretamente, levar a efeito as maiores atrocidades vistas na história da humanidade.

É certo que ela – a história - nos mostra que nem sempre estamos certos quando patrocinamos determinadas causas ou apoiamos determinadas pessoas. No que se refere à tal verdade, o velho conselho popular se encaixa como uma luva e, por este motivo, continuamos a propagá-lo: “O tempo é o Senhor da razão”.

As conjecturas são, até certo ponto, compreensíveis, vez que nossas decisões e pensamentos são, não raras vezes, influenciadas por aquilo que supostamente vemos, ouvimos ou lemos... Somos moldados e modulados no tempo e modo. Mas é preciso irmos além...

Quem já leu o mito das cavernas de Platão, sabe muito bem que existem vidas além das sombras que são projetadas nas paredes das frias cavernas.

Como na alegoria, urge a necessidade de nos libertarmos das amarras que nos prendem nas cavernas, tirarmos as vendas dos olhos e, auxiliados pela luz do sol, caminharmos sem medos dos tropeços e das quedas.

Enfim, andando na luz, com os olhos abertos e a mente renovada teremos a sabedoria para compreendermos que muitas das palavras proferidas e que chegam aos nossos ouvidos, são apenas palavras.

Ezequias Vitorino.

Ezequias Vitorino
Enviado por Ezequias Vitorino em 21/05/2022
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