FATOS DA VIDA NATALINA

Certa ocasião, véspera do natal, embarcou no ônibus da viação Itapemerim, Mimoso do Sul ao Rio de Janeiro. Sua poltrona era de número l2, havia um senhor sentado, ela não pediu licença e se assentou ao seu lado. Viajaram por 5 horas sem trocar uma palavra, nem a desculpa pediu, quando ao se levantar e apanhar no porta embrulho um pacotinho de biscoito, ao sentar-se novamente seu braço esbarrou na cabeça do tal passageiro.

Quando o ônibus fez uma parada de 15 minutos, ela se levantou e foi ao banheiro, dali foi tomar um refrigerante e deliciar um pastel assado, ainda comendo, entrou e se assentou, o tal passageiro estava lá, como se identificasse incertamente: Comentou consigo mesmo! “Eu... Em que coisa esquisita!,

Três horas depois chegavam ao destino, Rio de Janeiro, ao desembarque, foi ai que ela percebeu, o tal passageiro usava uma perna de pau. Pensou ela novamente: Pode ter sido um acidente ou ima infecção que teve que amputar sua perna.

Foi aí que ela começou a viajar: Se eu fosse mais atenciosa poderia ter descoberto bem antes esse incidente, talvez ele estivesse com fome ou sede e devido ao seu estado não queria incomodar-me, e eu poderia ter lhe trazido uma pequena refeição, nem um biscoito lhe ofereci.

Arrependeu-se amargamente dos fatos ocorridos e tentou se aproximar do homem, com uma desculpa sem graça. “Puxa essa vida é engraçada, veja, viajei com o Senhor, e nem seu nome sei, nem desculpa lhe pedi quando indelicadamente lhe esbarrei.

Que isso? Replicou o estranho: Estou acostumado com preconceitos. Um pequeno sorriso brotou dos lábios da moça, e ela tentou explicar: Não é por causa do preconceito, pois não havia nem percebido a sua situação. Mas deixa isso pra lá, meu nome e Natalina, e o seu? Chama-me de Hércules, o maluco. Mas por que o maluco! Exclamei.

Convidou-me a sentar e fazer um lanche na rodoviária Novo Rio. Retirou de sua bolsa algumas fotos e mostrou-lhe... Conhece? Nossa, que fotos maravilhosas, a natureza expressa demonstra rara beleza, os animais selvagens, onde foram tiradas? Perguntei-lhe. – É uma longa história, mas como hoje e véspera de natal vou resumi-la para você.

Confesso que eu estava encantada com os relatos... “Foi no inicio da década de 60, resolvi me dedicar às pesquisas do nosso pulmão verde: Digo a mata Amazônica. Fiquei por lá, mais de 32 anos, minha juventude foi dedicada aos pássaros, peixes e as feras... fascinavam-me, e o tempo foi passando...

Até que um dia o inesperado aconteceu, quando fui atacado por um leopardo e ai...

Já sei perdeu a perna e...

- Sim retornei após o tratamento. Quando chego à casa de minha prima, onde estive há uns 10 dias, aqui mesmo no Rio, Ela me chamou para dar uma volta pela cidade. Após termos visto um filme, “Tropa de elite” fomos dar uma olhada nas lojas, como estamos próximo ao Natal, era um compra e compra... Olhei aquela multidão e comecei a raciocinar. “Meu Deus o que o sistema faz com as pessoas!” Eu nunca vi tanta coisa que não me faz falta para viver.

Natalina pediu-me que eu anotasse o seu telefone, precisava muito continuar nossa conversa, pois os fatos que lhe resumi, seriam muito úteis, uma vez que estava fazendo mestrado e essas narrações muito o ajudaria em sua monografia. Desejou-me um Feliz Natal; do outro lado alguém já lhe acenara que veio apanha la.

- Amigos: Apertou-me a mão, e disse sorrindo, até a próxima Hércules maluco. ´- Tenhamos um Feliz e Santo Natal.