EI, MOÇA. VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHA

Ei, moça.

Eu te entendo, te abraço, te projeto.

Aprendi no duro que ser mãe não é fácil; e impossível é ser a mãe que esperam de nós.

Esqueça toda baboseira de mulher já nascer sabendo ser mãe, essa é a maior mentira que nos contam. Amasse esse conto de fadas que nos vendem de a maternidade ser a coisa mais linda que pode acontecer na nossa vida. Rasgue, jogue fora, e não se atreva a ler novamente essa história batida.

Agora olhe à sua volta, é só você e seus filhos, assim como eu e meus filhos. Só nós e os nossos. Quem mais está em volta? De verdade? Ninguém. Ninguém, porque ninguém quer estar no nosso lugar.

É fácil os de fora nos limitarem: "você não está fazendo certo"; é fácil os de fora nos compararem: "fulana faz melhor, lindamente"; é fácil os de fora nos criticarem: "você tem muito o que aprender na vida ainda". Mas ninguém quer passar pelo o que nós passamos: "toma que o filho é teu. Os meus, graças a deus, já criei".

É difícil ser a mãe que queremos quando a receita-de-bolo-mãe-pronta é tão repassada à frente. Se deixamos as crias brincar na terra, somos desleixadas, mesmo que elas ganhem anticorpos por isso. Se as crias pegam um resfriado em pleno inverno, somos cruéis com os pequenos, mesmo que isso os fortaleça. Se não damos tal marca de leite, muitas das vezes pela conta não bater e a pensão de alta qualidade igualmente comparável aos nossos esforços, doada pelo pai à força pela justiça não cobre, somos mães ruins.

É, moça, não é fácil ser mãe.

Não é fácil ser mulher.

Somos criadas, moldadas, educadas e pressionadas a sermos o que nenhuma outra mulher conseguiu antes suprir tais cobranças.

Mães perfeitas não existem.

Mulheres perfeitas não existem.

Somos de carne, de alma, de ossos.

Somos reais.

Não personagens de um conto de fadas.

Por isso eu te abraço, por isso eu te protejo.

Sou tão real como você.

Sou tão carne e osso como você.

Com defeitos, muitos: "olhem lá a mãe nova solteira que prega feminismo no Facebook. Coitada, nenhum homem aguenta".

Que não aguentem.

Que vão embora.

Que nos deixem em paz.

Em paz para sermos as mães que somos, do jeito que somos. Em paz para sermos as mulheres que somos como somos.

Deixem que as mulheres mães conto de fadas sejam encontradas nos livros infantis.

Não aqui. Não mais.

Eu te abraço, eu te entendo, eu te ouço, porque assim como você, estou sozinha, mas isso não é algo ruim.

Porque assim como nós, outras sozinhas nos acham e nos abraçam.

Não estamos tão sós.

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IAS Guinossi

Ias Guinossi
Enviado por Ias Guinossi em 08/09/2017
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