O choro é inevitável, mas a alegria é eterna

Aqueles que afirmam que o choro é abatimento da alma ou sinônimo de tristeza, nunca parou para meditar com profundidade sobre o assunto.

Analisando detidamente o tema, constata-se sem muito esforço que o choro é tão importante quanto o riso. É um dos primeiros sinais de vida e também é evidenciado no fenômeno morte.

O choro fez, faz e fará parte da vida de todos os seres humanos. Não existe um homem sequer, em toda a história da humanidade, que um dia não verteu no mínimo uma lágrima.

O choro do nascer e do morrer, o choro pelo vencer e pelo perder, o choro da tristeza e o choro da alegria, o choro da gratidão e da insatisfação, o choro da dor, da saudade, o choro do cansado, o choro da solidão... São muitos os motivos para chorar e em comum o fato de que origina-se dos mais diversos sentimentos que permeiam nossa alma.

Creio que o choro é o mecanismo que faz eclodir tais sentimentos que em nosso âmago são ruminados, à semelhança de vulcão que em erupção traz à superfície terrestre o magma subterrâneo.

Às vezes a eclosão ou erupção pode até demorar para acontecer, mas eles estão lá, no interior, devidamente ativos, mostrando que a qualquer momento podemos ver a sua força sendo manifestada.

Há choros que são silenciosos, outros extravagantes. Há choros com muitas lágrimas vertidas e outras com lágrimas contidas. Há choros que vem acompanhados de soluços e há ainda outros acompanhados de risos. Neste ponto é mister abrir aspas, para trazer à baila que aqui os antônimos (choro e risos) não são excludentes, muito pelo contrário, eles se complementam.

Alguns insistem em afirmar que o choro é sinal de fraqueza. Pode até ser que sim, mas também creio ser sinal de robustez, de força, firmeza.. quantos já não choraram porque mesmo tendo a força para fazer, deixaram de assim proceder para evitar num futuro um maior sofrer?

O interesse é que o choro não é preconceituoso, não é elitista e tampouco marca hora pra chegar. Ele escorre dos olhos do negro na África, da mesma forma que escorre dos olhos do branco nos Alpes suíços.

Ele pode ser visto nos mais diversos lugares... hospitais, casas, presídios, estádios, nas cidades e nos campos, nos vales e montanhas, nos locais mais inóspitos ou nas mansões dos nobres... Onde existir ser humano é certo que por ali o choro já passou.

É certo também que neste exato momento, em algum lugar, por algum motivo, há alguém chorando. Mas creio categoricamente que um dia este ato de chorar terá fim.

O Mestre do amor chorou e em sua morte, creio que fez Deus também chorar, com o propósito de renovar a nossa esperança e de um dia expurgar dos nossos olhos as lágrimas, de nos renovar e transformar nosso choro em risos...

Assim, se o choro é inevitável a alegria será eterna e inigualável, e isto é motivo mais que suficiente para extravasar com esperança e regar a nossa fé com as lágrimas que rotineiramente teimam em escapar dos nossos olhos.

*Em, 07/12/2017. Ezequias Vitorino*