A carta

Era madrugada e os pensamentos, as sensações, as emoções, as lágrimas, não deixaram por algum tempo a sua mente, o seu corpo e a sua alma aquieta-se...

Lembrava-se daquilo que perdera, daquilo que agora possuía e aquilo que almejava ter...

Recordou-se então de uma leitura que fizera da *Clarice Lispector*, que parafraseando dizia: você já vivenciou estas mesmas sensações antes...

Já chorou até pegar no sono, mas também já foi dormir tão feliz ao ponto que não conseguistes fechar os olhos...

Deixou-se mover pela saudade...

A saudade é a certeza de que coisas boas nos aconteceram, permitiu que os pensamentos fossem se dissipando e no instante acreditou, tinha motivos para agradecer. Decidiu então a escrever uma carta...

Como toda a carta precisava de assuntos. Optou por escrever sobre suas experiências, suas vivências, seus momentos...

Em alguns momentos chorou...

Mas, em vários momentos o sorriso tímido lhe brotava do rosto...

Convenceu-se que tudo lhe servira de aprendizado. Tudo havia lhe deixado lições e elas lhe eram necessárias para o seu desenvolvimento como pessoa!

Como pessoa era possível escolher o que mais a marcaria e que tudo era questão de suas atitudes, suas escolhas, suas ações...

*A carta*, ficou um pouco borrada por conta de suas lágrimas que caíram no papel, as letras em alguns momentos ficaram trêmulas sem a nitidez que alguns esperam. Mas, o importante foi que não desistiu e finalmente concluiu:

Tudo é questão de tempo, de fases...

E assim como existem as estações, sou capaz de me ajustar à elas. Vou voltar a sonhar...

Vou permitir que as folhas caiam, que os galhos fiquem desnudados, deixa-me molhar pela chuva e por fim serei renovada e voltarei a florir!

Não desista da pessoa que você está se tornando. Continue evoluindo com o tempo mas, com a certeza de que vale a pena!

Ana Lúcia Saturnino
Enviado por Ana Lúcia Saturnino em 26/11/2018
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